Fatphobia and Accessibility

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Em um mundo totalmente despreparado e restritivo às pessoas gordas, conversar sobre seu conforto e acesso pode soar, para parte da população, como algo sem importância. Isso porque as soluções baseiam-se somente em exterminá-las, mas nunca acolhê-las.

Não importa de onde ou como a gordofobia se insere — em uma conversa, nas grandes mídias —, ela está além de um comentário e se torna hostil. A moda encolhe, o leque de procedimentos estéticos em busca do “corpo magro perfeito” se expande, os assentos públicos são frágeis e/ou não comportam corpos maiores, a representatividade a elas ainda é ruim ou, simplesmente, escassa. Tudo está projetado para afastar pessoas gordas de discussões que as auxiliem e, acima de tudo, para as culpabilizar, enojar e intolerá-las.

A gordofobia também é disseminada institucionalmente. Uma pesquisa feita em 2013, chamada “Profissionais Brasileiros: Um Panorama sobre Contratação, Demissão e Carreira” realizada pela empresa Catho, revelou que 6,2% dos empregadores assumiam não contratar pessoas obesas. A obesidade possui um CID (Cadastro Internacional de Doenças), CID 10 – E66, e a problemática de ser uma patologia é o estabelecimento de que todas as pessoas gordas são doentes, deixando de considerar particularidades e interseccionalidades, ainda que cerca de 30% delas tenha perfil metabólico e cardiovascular dentro da normalidade, segundo o Ministério da Saúde. O condicionamento físico de uma pessoa é algo individual, independente do peso.

Algo igualmente curioso a citar é como serviços de plano de saúde tendem a subir seus preços ou a serem negados, quando ê cliente se encaixa na obesidade, o que se resume a discussão de como a saúde destas pessoas é inacessível.

Conversar sobre acessibilidade no Brasil ainda é uma carência, visto que pessoas idosas e com deficiência enfrentam dificuldades diariamente, efeito do desrespeito e da omissão do Estado e toda a sociedade também. Mas é necessário lembrar que a questão também diz respeito às pessoas gordas. Não é de conhecimento geral o fato de que elas possuem direito como assentos e auxílio e isso também é motivo para que se sintam constrangidas em solicitá-los. Isso se dá pelo desagrado da sociedade ao perceber que pessoas gordas ocupam espaço e pela forma com que isso se manifesta de diversas maneiras, seja por olhares ou reclamações aos benefícios conquistados por alguém gorde.

Os direitos de ir e vir, sentar, pagar contas ou usar roupas confortáveis — e de estilos variados — ​​são as coisas mais simples e básicas, mas basta “esquecer” a questão da acessibilidade para excluir quem é gorde de usufruir desses direitos.

O movimento feminista, por exemplo, já procura falar sobre mulheres gordas e afirmar que seus corpos também são bons, bonitos e totalmente funcionais. Porém, também é preciso discutir políticas públicas e a promoção da inclusão social no cotidiano, garantindo lugares e filas preferenciais para quem precisa. A sociedade ainda está muito fechada para ouvir pessoas gordas e aceitar humanamente suas necessidades, mas esse trabalho é essencial e necessário. A acessibilidade para pessoas gordas é uma questão premente: sua ausência leva à segregação e à violência, mas sua implementação promove autoestima e aceitação.


Referências: