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O racismo age sobre minorias racializadas, mas a pauta antirracista não se limita a estes grupos. Ao contrário do pensamento comum, essa luta engloba a ação de todes, independente da raça ou etnia com a qual o indivíduo se identifica.
Nesse espaço, a branquitude — responsável pela origem e perpetuação de tal violência — tem a obrigação de utilizar seus privilégios como meio de potencializar vozes minoritárias, além de apontar o racismo de espaços exclusivos para pessoas brancas.
Reconheça seu racismo
A luta contra o sistema racista é um processo, e o seu primeiro papel como uma pessoa branca é entender que você é racista. Existe toda uma estrutura social que ampara seus privilégios e sua existência, ambos baseados na sua branquitude. Assim, ao invés de se perguntar “Eu sou racista?” e aguardar uma resposta confortável, se pergunte “Como eu faço para combater meu próprio racismo?”.
Reconhecer seu próprio preconceito pode ser uma tarefa difícil, e é necessário analisar até mesmo as coisas que considera mais “básicas”. De comentários sobre cabelos crespos e traços largos a atravessar a rua ao cruzar com uma pessoa negra, o racismo — seja com pessoas negras, indígenas, amarelas ou de quaisquer outras etnias — está enraizado em atitudes que muitas vezes parecem naturais, e a normatização desse preconceito dificulta que a pessoa identifique e lute contra ele.
Saiba ouvir
Compreender uma dor pela qual você não passa pode ser difícil, mas não é impossível. A análise de suas próprias atitudes vem entrelaçada à importância de entender o motivo daquilo — seja uma fala ou uma ação — ser um problema. Uma conduta que para você parece banal pode ter um significado mais profundo para aqueles que passam pelo preconceito racial todos os dias, e as reações de pessoas racializadas ao racismo não devem ser silenciadas ou julgadas.
A reação do oprimido sempre está condicionada pela opressão que o aflige, por isso, ela não deve ser criticada ou comparada às reações do opressor. Ouça as dores e frustrações dessas pessoas, as ampare e compartilhe suas realidades. Diferente de pessoas racializadas, a sua voz é ouvida. Use-a para dar vazão às vozes historicamente silenciadas.
Além disso, é importante usar o recorte racial para enxergar as dinâmicas sociais à sua volta. Nós não somos todes iguais. Assuma e aborde tal assunto em outras pautas sociais, desde os feminismos até a comunidade LGBTQIA+. Se a sua luta não é antirracista, ela não é inclusiva.
Conclusão
Colocar o antirracismo em prática vai além de analisar o exterior e compreender os contextos. A luta deve estar em sincronia com o estudo do assunto. Ouça pessoas racializadas em seus ativismos, mas sempre se lembrando que ninguém tem o dever de ensinar, e pesquise para sanar suas dúvidas, utilizando livros e artigos para compreender cada vez mais o sistema racista instaurado nesta sociedade.
Por fim, não espere que a sociedade vá evoluir com a sua inércia. Grite e abuse dos seus privilégios para evidenciar o racismo presente em todos os âmbitos da nossa sociedade. Traga pessoas racializadas para ocuparem espaços de privilégio e aponte para as origens de tais problemas. A luta antirracista é, pelo seu próprio nome, uma luta. Seja você a parte ativa de tal mudança.