Mastectomia ou mamoplastia: qual o termo correto?

Embora os termos “mastectomia” e “mamoplastia” pareçam semelhantes, eles representam procedimentos bastante diferentes e com objetivos distintos. A confusão muitas vezes acontece porque ambos envolvem a região da mama, mas suas indicações e significados são opostos.

A palavra “mastectomia” refere-se à cirurgia de remoção total ou parcial do tecido mamário, geralmente realizada em casos de câncer de mama. Essa cirurgia constitui uma medida de tratamento ou prevenção, visando eliminar ou reduzir o risco do câncer se espalhar. Portanto, quando alguém fala em fazer uma mastectomia, normalmente está pensando na questão de saúde, na luta contra uma doença grave. No caso do câncer de mama, é uma decisão que envolve muitos fatores médicos e emocionais, e costuma ser acompanhada de tratamentos adicionais, como quimioterapia ou radioterapia.

Já a mamoplastia é um procedimento voltado para melhorar a aparência das mamas. Pode envolver aumento, redução ou até mesmo a reconstrução mamária, inclusive após uma cirurgia de mastectomia. O foco principal da mamoplastia é a estética, buscando simetria, proporção e harmonia com o restante do corpo. Assim, ela não tem relação com doenças, mas sim com a autoestima e o bem-estar.

O procedimento pode ser realizado para aumentar o volume das mamas, utilizando implantes, ou para reduzir o tamanho, eliminando o excesso de tecido. Além disso, muitas pessoas optam por procedimentos de levantamento ou reposicionamento dos mamilos, buscando uma aparência mais harmoniosa e natural.

A compreensão dessas diferenças ajuda a evitar confusões e a tomar decisões mais informadas, sempre com o acompanhamento de profissionais qualificados.

Mastectomia e mamoplastia na comunidade trans

A cirurgia de mamoplastia masculinizadora (ou masculinizante) é uma das intervenções mais comuns em homens trans — e demais pessoas trans e não-binárias com mamas, usualmente designadas como mulher ao nascerem (AFAB) — que desejam remover o tecido mamário para se sentirem melhor com seu corpo. Diversos estudos indicam que uma grande parte de homens trans que buscam a transição optam por esse procedimento. 

Já a mamoplastia de aumento, com colocação de próteses, é mais comum entre mulheres trans — e demais pessoas trans e não-binárias designadas como homem ao nascerem (AMAB) — que desejam um busto mais “feminino”. A escolha do procedimento depende das preferências pessoais e do planejamento de transição de cada indivíduo.

Muitas pessoas trans relatam que esses procedimentos são fundamentais para sua autoestima e bem-estar emocional, já que a cirurgia pode ajudar a reduzir o desconforto social, a ansiedade relacionada à aparência e a melhorar a qualidade de vida. No entanto, também há relatos de dificuldades no acesso a esses procedimentos, especialmente em regiões com menor oferta de serviços especializados ou onde existem barreiras financeiras e burocráticas.

Por isso, a comunidade trans discute bastante a importância do acesso a cirurgias de afirmação de gênero, incluindo mastectomia e mamoplastia, como direitos básicos de saúde e dignidade. Há debates sobre a necessidade de maior conscientização, redução de custos e a importância de profissionais capacitados e sensíveis às questões trans. Além disso, há uma forte ênfase na importância do apoio psicológico antes e após as cirurgias, para garantir que as pessoas estejam bem preparadas e recebam suporte adequado.

Por fim, é fundamental lembrar que qualquer procedimento cirúrgico deve ser realizado por profissionais especializados, após uma avaliação cuidadosa. Seja para tratar uma condição de saúde ou para modificar a aparência, o acompanhamento médico acessível e de qualidade é essencial para garantir a segurança e resultados satisfatórios.


Referências


Ficha técnica

Escrita: Amanda Diniz
Leitura crítica: Viktor Bernardo Pinheiro 
Revisão: Jéssica Larissa O.S. e Brian Abelha