Assexualidade e BDSM

É comum que pessoas fora da comunidade assexual tenham muitas dúvidas quanto ao conceito de sexualidade entendido por pessoas assexuais. É preciso desmistificar alguns conceitos amplamente difundidos que não se baseiam na realidade e pautar o que não é assexualidade.

O primeiro é o de que “assexualidade é necessariamente falta de atração sexual”. Bom, a assexualidade é um termo guarda-chuva que abrange outras sexualidades como demissexual (pessoas que sentem atração sexual mediante uma conexão emocional e/ou por pessoas próximas), grayssexual (pessoas que sentem atração sexual com pouca frequência), etc. Assexuais estrites podem experienciar desejo sexual, o que não é a mesma coisa de atração, visto que não sentir atração sexual não significa falta de libido ou de desejo sexual.

Outro estereótipo é o de que pessoas assexuais “odeiam ser tocadas”, assim, por conta dessa estereotipação, pode não fazer sentido à primeira vista pensar que pessoas que não sentem atração sexual nem estão interessadas em sexo, podem se interessar pela cena BDSM.

Na prática do BDSM, nem todo contato durante uma sessão (momento em que ocorrem as práticas do BDSM) é sexual, tendo em vista que depende das pessoas inseridas na prática e do contexto. Um exemplo é como dormir junto a alguém, pode haver um teor sexual com uma determinada pessoa e nenhum teor sexual com outra. E se tratando de sexualidades que experimentam atração sexual, como no caso da demissexualidade, o contato durante as sessões pode vir a possuir um teor sexual diferente das sessões entre assexuais estrites.

Portanto, a prática do BDSM não é necessariamente sexual, pois as práticas podem converter no sexo ou não. Além disso, é importante evidenciar que toda prática deve apresentar consentimento, sendo este contínuo, coerente e claro. Durante a sessão esse consentimento deve estar explícito, além de que todes ês participantes devem estar em condições para determinada cena. 

Algumas práticas envolvem, por exemplo, submissão, troca de poderes, vestir uma roupa específica, e só, sem que haja o contato sexual. Ninguém é menos assexual por gostar de BDSM e é preciso que essa estigmatização seja combatida a fim de extinguir o preconceito que a sociedade ainda possui, tanto com sexualidades fora da heteronormatividade quanto ao tabu em torno de relações sexuais.


Referências: