A disfunção executiva é algo que afeta diversas pessoas neurodivergentes ou com doenças psicológicas. Apesar de ser algo sério, real e extremamente incapacitante, é mal vista pelas pessoas de fora, que não buscam entender a raiz desse problema e jogam tudo no balaio da preguiça. Assim, é importante desmistificar a disfunção executiva e mostrar o que a diferencia da “preguiça comum”.
Antes de mais nada, é preciso entender o que são funções executivas e o que significa ter uma disfunção nessa área. As funções executivas são um conjunto de habilidades mentais, localizadas no lobo frontal do cérebro, que atuam em várias áreas da vida, como organização, planejamento, atenção, inibição, flexibilidade cognitiva, etc. Pessoas com disfunção executiva apresentam déficits no funcionamento dessas habilidades, fazendo com que seja difícil realizar tarefas que parecem simples aos olhos dos outros.
Alguns sinais de que alguém possa sofrer com disfunção executiva são:
- Dificuldade de iniciar e continuar tarefas
- Dificuldades em administrar o tempo
- Dificuldade em pensar nas consequências de suas ações
“Mas isso não é apenas preguiça?”. Para explicar a diferença entre as duas situações, é possível usar a ação de lavar a louça como exemplo. Uma pessoa que precisa lavar a louça, mas está com preguiça, apenas não quer lavar a louça naquele momento, seja por ter louça demais na pia ou por estar cansada, mas nada a impede de simplesmente levantar e lavar a louça. Já uma pessoa que precisa lavar louça, mas sofre com disfunção executiva, quer lavar a louça, o cérebro dela grita sem parar que ela precisa levantar e lavar aquele único prato na pia, mas ela simplesmente não consegue.
A dificuldade de planejamento e iniciação de tarefas faz com que o cérebro de alguém com disfunção executiva não consiga processar todos os passos de uma tarefa (no caso de lavar a louça: ir até a pia, abrir a torneira, pegar a louça, passar água, pôr detergente na esponja, passar a esponja na louça, enxaguar e pôr no escorredor), fazendo com que a pessoa não saiba por onde começar, e também com que se canse mais rápido do que alguém com as funções executivas funcionando normalmente.
A disfunção executiva afeta principalmente pessoas com TDAH, mas também pode estar presente no autismo, depressão, Alzheimer, ansiedade, demência, estresse crônico, entre outras condições. Nenhuma dessas pessoas é preguiçosa, muito menos usa sua condição como “desculpa” para não fazer determinadas tarefas, e precisam de adaptações e compreensão.