Ainda hoje na sociedade, as vivências diferentes às da hetero-cis-normatividade têm suas necessidades e identidades postas de lado por não seguirem as normas socialmente impostas como corretas. E, na luta em reafirmar suas existências, pessoas trans acabam tendo como consequência negativa a solidão de semelhantes, de se sentirem representados publicamente e de poderem partilhar seus sentimentos com alguém que as compreendem.
Partindo disso, o termo transcentrar surge como forma de denominar relações entre pessoas transgêneras. Redes transcentradas forneceram e ainda fornecem caminhos para maior representatividade, maiores qualidades de vida e de afetos semelhantes.
Por quê Transcentrar?
Relacionamentos transcentrados permitem aos envolvidos dividirem seus desafios e conquistas com alguém que as acolherá não apenas por afeto, mas também por as entenderem com o mesmo ponto de vista, de se fortalecerem não apenas individualmente, mas coletivamente. Esse tipo de relação também pode ser visto como ato político, de modo a priorizar um grupo em que se está inserido e ao qual o afeto é constantemente negado.
Transcentrar é a solução?
Muitas pessoas na comunidade ainda buscam apenas relacionamentos transcentrados por tais amparos, mas é importante lembrar que uma relação transcentrada continua sendo uma relação humana, sendo passível de formas de abuso e de transfobia direcionada ao outro, de violências e situações nocivas. O proveito de um relacionamento dependerá dos envolvidos e de suas particularidades, ainda que seja transcentrado.
Referências:
- Por que a sociedade não ama pessoas trans? – Portal Catarinas
- Alexandre, V. Vivendo uma conjugalidade insubordinada: narrativas de casais cis-trans e casais transcentrados. Ribeirão Preto, 2020.
- Construções Transcentradas: já ouviu falar? Noah Scheffel, ECOA. UOL.
- Representatividade importa! Mas o que isso realmente significa? Conectas.org
- Afeto transcentrado é resistência e força para casais trans. Bruna Barbosa, ECOA. UOL.