O Que é o Amor Platônico?

Não é preciso estudar filosofia para ter ouvido alguma vez o nome de Platão, um filósofo da antiguidade que teve seus escritos preservados o suficiente para chegarem até a contemporaneidade. Na tentativa de compreender o mundo, ele criou a alegoria da caverna, uma forma de entender a origem de todas as coisas. 

A alegoria descreve prisioneiros acorrentados desde a infância no interior de uma caverna escura. A única luz presente é proveniente de uma fogueira, atrás da qual se encontram figuras que projetam sombras na parede da caverna. Os prisioneiros, alheios ao mundo exterior, interpretam as sombras como a única realidade existente.

A existência de um mundo ideal onde todas as coisas já existem de maneira perfeita, com nosso mundo sendo uma sombra desse outro lugar irretocável, é a base do chamado  “amor platônico”. Eterno e imutável, esse amor platônico só existe na imaginação, mas pode ser sentido e vivido. Para que esse conceito se popularizasse, vale destacar a contribuição de Marsilio Ficino, um filósofo e humanista italiano do Renascimento que viveu no século XV e, influenciado pelas ideias de Platão, desenvolveu a teoria do “amor platonicus”, o que, objetivamente, é um amor que descarta características físicas e considera apenas as abstratas.

Na literatura, autores como Lord Byron, Novalis, Álvares de Azevedo e outros românticos frequentemente abordavam temas de amor idealizado, transcendental e muitas vezes inalcançável. Embora não necessariamente utilizassem o termo “amor platônico” de maneira explícita. Assim, a interseção entre a filosofia de Platão e as reflexões de Ficino enriqueceu autores românticos em vários lugares até que se alcançasse  o que hoje entendemos como amor platônico.

Em conclusão, a filosofia de Platão, manifestada de maneira vívida na alegoria da caverna, oferece uma perspectiva profunda sobre a natureza da realidade e do amor. Ao explorar a existência de um mundo ideal e perfeito, Platão estabeleceu as bases para o que conhecemos como “amor platônico” — um amor eterno e imutável que transcende as limitações físicas. Essa concepção, enraizada na imaginação, persiste ao longo do tempo, sendo uma reflexão contínua sobre a busca do ideal nas relações humanas.


Referências:

  • Omnia vincit amor: A teoria do amor platonicus e os Emblemata de Andrea Alciato (Thainan Noronha de Andrade)
  • A República de Platão

Ficha técnica:

Escrita: Gianni Gomes

Leitura crítica:

Revisão: Lívia Figueiredo