Nos últimos anos, a assexualidade ganhou cada vez mais espaço e visibilidade na comunidade LGBTQIA+. Com o número de textos sobre o assunto crescendo na internet, não é de se admirar que a quantidade de pessoas se identificando com alguma das identidades desse espectro tenha aumentado igualmente.
Infelizmente, assim como o número de pessoas que se identificam, cresceu também o número de pessoas que destilam ódio e desinformação sobre o termo. Entre as formas mais comuns, está o uso do termo “assexuado” para se referir a pessoas assexuais.
Entre os significados da palavra assexuado, estão “que não possui vida sexual”, “que não apresenta órgãos sexuais” e “desprovido de células sexuais distintivas”. O comum uso desse termo para pessoas assexuais se dá pela crença errônea de que elas simplesmente não fazem sexo e não possuem nenhum interesse nesse tipo de assunto. Porém, a própria definição da assexualidade não delimita a atração sexual (ou a falta dela) a 0% ou 100%. Sendo assim, um termo que evidencia a ausência total do sexo não cabe à comunidade assexual.
Mesmo assim, a palavra assexuado continua a ser utilizada constantemente, tanto por pessoas comuns quanto, infelizmente, por grandes veículos. Um exemplo recente é a nova novela da Globo, “Travessia”, de Glória Perez. Nela, o personagem Rudá passará por uma jornada para se descobrir assexual estrito. Porém, em uma entrevista, Glória se refere ao personagem como “assexuado”, transformando o que poderia ser uma ótima oportunidade de representatividade em algo extremamente nocivo. O uso constante deste termo por pessoas conhecidas e influentes causa cada vez mais dano à comunidade, visto que esse tipo de desinformação é espalhada com mais facilidade e fica mais difícil para o grupo ampliar o conhecimento das pessoas acerca da assexualidade.
Esse problema, assim como tantos outros que envolvem o tema, poderia ser facilmente resolvido dando mais espaços para ativistas assexuais falarem sobre a pauta e contratando serviços de consulta como leitura sensível ao fazer obras com esse tipo de representatividade, evitando erros como esse e acabando com as desinformações sobre a assexualidade.