Quem foi Che Guevara?

Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido como Che Guevara, foi médico, revolucionário  marxista, autor, ministro e guerrilheiro. Filho de Ernesto Guevara Lynch e Celia Guevara de La Serna, nasceu na Argentina em 1928, sendo o primogênito de 5 filhos. 

Mesmo seus primeiros anos de vida tendo se passado durante as consequências da Crise de 29, a condição econômica de sua família não foi afetada, dando ao Che e seus irmãos uma educação acadêmica privilegiada.  Apesar de vários membros da família estarem envolvidos com política, o interesse pelo assunto só despertou em Guevara na faculdade. Mas apesar de não ter aderido a nenhuma ideologia, sempre demonstrou muita empatia e vontade de ajudar pessoas vindas de classes mais baixas, repudiando completamente o sistema que as afastavam de seus direitos básicos.

Em Dezembro de 1951, faltando pouco para se formar, Che partiu em uma viagem pela América do Sul na companhia do amigo Alberto Granado, também amante de esportes e estudante de medicina. A dupla passou pelo Chile, Bolívia, Colômbia, e Peru (talvez até por mais alguns países além desses). Em alguns de seus destinos, atuaram como médicos, principalmente de leprosos e pobres, fazendo-os compreender muito mais sobre as dificuldades e problemas que assolavam as classes marginalizadas de toda a América Latina. A viagem impactou ambos os dois, mas principalmente Guevara, que, dois anos depois, partiria em uma segunda jornada pelo Sul do continente.

Che chegou à Guatemala em 1953, atraído pelas novas políticas implantadas no país após o decreto de Reforma Agrária, que trouxe uma melhor condição de vida para sua população camponesa e indígena. Lá conheceu sua primeira esposa, Hilda Gadea, uma peruana exiliada no país desde 1948. O golpe instituído pelos EUA no país no ano seguinte não destruiu só o governo progressista e de fortalecimento nacional que havia sido estabelecido, mas também os planos do jovem médico de construir sua carreira naquele território, levando-o a se refugiar com a esposa no México.

Graças às conexões feitas na Guatemala, o argentino conheceu os irmãos Raúl e Fidel Castro, líderes da resistência cubana que visavam derrubar a ditadura que assolava o país, cuja primeira tentativa de revolução foi frustrada, levando-os à prisão. Em liberdade novamente, os irmãos seguiram as terras mexicanas ao encontro de companheiros exilados no território. Desse encontro, surge a aliança entre duas das figuras mais famosas do século XX.

Em primeiro momento, Che foi recrutado como médico do pequeno grupo revolucionário comandado por Fidel, mas logo se tornou  um guerrilheiro e comandante da Segunda Coluna do Exército-Rebelde. Em 1° de Janeiro de 1959, o Exército-Rebelde derrubou a ditadura implantada por Fulgêncio Batista, com Castro se tornando a liderança máxima da ilha. Agora no governo pós-revolução, Che teve novas e variadas atribuições, dentre elas a de Ministro da Indústria e Presidente do Banco Nacional. Também foi encarregado da polêmica Comissão Depuradora, responsável por julgar e sentenciar os aliados e apoiadores de Batista e aplicar punições a estes. Pessoas foram mortas e exiladas nesse processo, mas o pensamento de que se deveria eliminar os adversários não era exclusivo do Che, visto que todos os revolucionários da época compartilhavam dele.

O rosto do argentino passou a ser reconhecido mundo afora não só pelo triunfo da Revolução Cubana, mas também por seu trabalho diplomático. Durante seus anos no governo, Guevara viajou a diversos países, com o principal intuito de conseguir aliados para a pequena ilha, que começou a sofrer com pesados embargos econômicos aplicados pelos EUA em 1960.

Em um período marcado por ditaduras, conflitos ideológicos e revoltas, o líder argentino da Revolução Cubana é de longe a figura mais marcante. O que fez sua imagem ascender e se transformar no mito conhecido hoje em dia não foram apenas os seus feitos e posicionamentos, mas também sua força de vontade, a bravura e coragem que exalava, o fato de ser tão convicto aos seus ideais que seria capaz de morrer por eles sem nenhum remorso, e foi exatamente isso que aconteceu. No dia 9 de outubro de 1967, um dia após sua captura durante uma missão de instaurar uma revolução na Bolívia, Che foi brutalmente assassinado. Suas mãos foram amputadas e enviadas aos EUA enquanto fotos de seu cadáver circulavam pelo mundo. Atualmente, acredita-se que a morte do revolucionário tem envolvimento da CIA, já que ele era considerado uma grande ameaça para a soberania estadunidense sob a América.

Em outubro deste ano fazem 57 anos de sua morte e, apesar das frequentes tentativas de difamar sua imagem e legado com falácias sobre uma personalidade cruel e desejos sanguinários, ele ainda é lembrado em muitos lugares do mundo pelos seus feitos, por sua constante luta contra o imperialismo e capitalismo, por sua vontade inabalável de criar um mundo com condições justas para as futuras gerações e sua grande fé na humanidade. Che Guevara permanece sendo um importante símbolo da luta anti-capitalista, e sua história deve ser conhecida e seus ideais incorporados por todos aqueles que não conseguem aceitar as desigualdades que assolam o mundo.


Referências


Ficha técnica

Escrita: Chenny
Revisão: Anônimo
Leitura crítica: Arê Camomila da Silva