Quem foi Marighella?

Carlos Marighella nasceu em Salvador, Bahia, em 1911. Sua formação política foi profundamente influenciada pelo contexto social e econômico do Brasil nas primeiras décadas do século XX. Desde cedo, sua militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB) o impulsionou a se envolver ativamente nas lutas sindicais e sociais, enfrentando a dura repressão estatal e participando de debates intelectuais acerca das estratégias de transformação social. Sua atuação no PCB foi caracterizada por debates intensos e uma busca incansável por estratégias que promovessem a emancipação dos trabalhadores e a superação das injustiças sociais. Sua participação ativa no partido o levou a ocupar posições de destaque, desempenhando um papel fundamental na construção de uma plataforma política revolucionária.

Em 1939, durante o período ditatorial do Estado Novo, foi detido como prisioneiro político pela terceira vez. Na época, ele residia em um aparelho clandestino localizado na Rua Abolição, 380, no centro da cidade de São Paulo. Nessa ocasião, ele enfrentou um longo período de privação de liberdade, passando seis anos encarcerado. Inicialmente, foi enviado para o presídio de Fernando de Noronha e posteriormente transferido para o presídio da Ilha Grande, no litoral de São Paulo.

Foi responsável pelo desenvolvimento do livro “Mini-manual do Guerrilheiro Urbano”, escrito em junho de 1969. Ele descreveu estratégias e táticas específicas, destacando a importância da organização clandestina, da propaganda armada e da ação direta contra alvos do Estado opressor. O livro também abordou questões como o recrutamento de combatentes, a utilização de armas e explosivos, e a necessidade de mobilização e apoio popular. Ele define o “guerrilheiro urbano” como o indivíduo que “segue uma meta política e somente ataca o governo, os grandes capitalistas, os imperialistas norte-americanos”.

Além do “Mini-manual do Guerrilheiro Urbano”, Marighella produziu outros escritos de relevância teórica e estratégica. Suas análises abordavam questões como a necessidade de uma vanguarda revolucionária, a relação entre a luta armada e a luta de massas, a importância da unidade entre as diferentes forças progressistas e a adaptação das táticas de resistência de acordo com as condições políticas e sociais específicas de cada país.

Com o agravamento do regime militar, a repressão estatal concentrou seus esforços na captura de Marighella, especialmente depois da publicação de “Mini-manual do Guerrilheiro Urbano”. Na noite de 4 de novembro de 1969, ele foi surpreendido por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) na alameda Casa Branca, em São Paulo. Nesse trágico episódio, Marighella foi ferido por tiros e morto em uma ação organizada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos principais responsáveis pela violação dos direitos humanos no período da Ditadura Militar, no Brasil.


Referências: