A gordofobia é um preconceito estrutural manifestado por meio de atitudes discriminatórias contra pessoas gordas ou acima do peso considerado padrão pela sociedade. Historicamente, nas sociedade ocidentais, o corpo gordo é associado a falta de cuidado e saúde, estigmatizando e marginalizando as pessoas gordas.
Isso acontece, por exemplo, no Brasil mesmo que, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020, 60,3% dos brasileiros com 18 anos ou mais estivessem com o que poderia ser considerado “excesso de peso”. Outra pesquisa realizada em 2017 pela Skol Diálogos, em parceria com o Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope), mostrou que 92% dos brasileiros admitiram sofrer com gordofobia no convívio social. Ou seja, a sociedade que pratica a gordofobia é a mesma que sofre com ela.
E como identificar a gordofobia?
A gordofobia está presente na sociedade tanto de formas agressivas e explícitas, como por meio de microviolências de forma velada. Por exemplo, algumas frases e expressões preconceituosas são faladas no dia a dia, como: “mas é tão lindo/a/e de rosto”; “Ele/ela/elu precisa cuidar da saúde”; “Hoje é dia de gordice”. Além disso, piadas relacionadas ao peso de uma pessoa ou comentários relacionando peso à saúde são outros exemplos comuns de preconceito velado.
Mas a gordofobia vai além de comentários indevidos, se manifestando também na invisibilização de pessoas gordas em espaços públicos. A ausência de cadeiras adequadas para pessoas gordas, portas e corredores estreitos em locais públicos são exemplos disso.
Essa discriminação se estende para a dificuldade em encontrar roupas em tamanhos maiores nas lojas, a pressão constante da mídia e da sociedade em associar aumento de peso a questões de saúde sem considerar outros aspectos, e ainda a insistência em indicar dietas e procedimentos estéticos a essas pessoas.
Ademais, a falta de representação e a ridicularização de corpos gordos na mídia são mais um exemplo de como a gordofobia está enraizada na sociedade. Na televisão e no cinema, as pessoas gordas raramente têm espaço e, quando aparecem, são retratadas com estereótipos de personagens engraçados ou rejeitados.
A área de saúde, por incrível que pareça, também não está fora desse grupo que exerce a gordofobia. Muitos médicos e profissionais atribuem todo e qualquer problema de saúde ao peso dos pacientes gordos, negligenciando diagnósticos e tratamentos adequados.
Como apoiar pessoas gordas no dia a dia
Existem inúmeras formas de apoiar pessoas gordas no dia a dia e tudo começa ao normalizar a palavra “gorda”, pois ela não é uma ofensa, mas sim uma característica. Para além disso, é importante parar de associar pessoas gordas a falta de saúde; não comentar sobre o peso dos outros; não estereotipar pessoas gordas; parar de julgar as pessoas pela sua escolha de vestuário; parar de fiscalizar o que o outro come; parar de associar magreza ao sucesso; denunciar e boicotar ativamente ambientes não inclusivos.
Essas são apenas algumas dicas que podem ser adotadas no dia a dia para se abandonar o comportamento gordofóbico, mas também é necessário ter a consciência de que a sociedade ainda precisa trilhar um longo caminho para eliminar esse preconceito estrutural.
Referências
- Gordofobia
- 30 formas de combater a gordofobia
- Gordofobia: entenda o que é e como afeta o dia a dia de pessoas gordas
- SOU GORDOFÓBICO? NÃO SABIA… USO ESSAS EXPRESSÕES SEM PERCEBER!
- Gordofobia? 65% dos executivos preferem não contratar pessoas obesas
Ficha técnica
Escrita: Bettina Winkler
Leitura crítica: Viktor Bernardo Pinheiro
Revisão: Brian Abelha e Beatriz Janus