Heterossexualidade Compulsória

O termo Heterossexualidade Compulsória foi criado pela poeta, escritora e feminista Adrienne Rich. Foi primeiro pautado em seu artigo “Heterossexualidade Compulsória e a Existência Lésbica”, e descreve o sistema feito para manter o patriarcado e a hierarquia de gênero na sociedade, educando e forçando a heterossexualidade através de uma pressão invisível.

Ao contrário do que parece, isso não é falar que todo mundo é não-hetero, mas sim pontuar que uma pessoa gay, lésbica ou multi acaba reprimindo a sua sexualidade inconscientemente (ou não), se forçando a sentir “atração” pelo gênero dito como ~oposto pois, assim, se encaixa no padrão social heteronormativo.

Nesse contexto, a heterossexualidade é vista não apenas como desejo, mas como um regime político, que só faz sentido se considerada dentro de uma sociedade com hierarquia de gênero — que sabemos que é o caso —, servindo assim para a manutenção do patriarcado.

Ela impõe à mulher o papel de reprodução e submissão ao cis-masculino, enquanto ao homem é imposto o papel laboral e da dominação e aversão a tudo o que é considerado feminino.

Já o compulsório se refere à pressão da sociedade para que as pessoas sigam a heterossexualidade e a norma estabelecida. Essa imposição se faz apagando qualquer diversidade sexual, seja na mídia ou na vida real. Junto a isso, existe uma espetacularização do que é “ser gay” como uma “criatura afeminada”, e de “ser lésbica” como uma “mulher macho”, tirando, assim, a humanidade desses corpos, considerando-os como seres anormais.  

A ideia é trazer a heterossexualidade como natural, e, portanto, a única possível. E, quando o ser hétero é considerado o normal, qualquer desvio se torna uma anomalia, um erro, e isso torna especialmente difícil se reconhecer dentro dessas identidades.

É comum ouvir histórias de mulheres que se reconheceram lésbicas depois de longos anos sem uma felicidade amorosa, ou de homens que se atraem também por outros homens, mas se rotulam como heterossexuais.

É comum encontrar pessoas heterossexuais que não sabem o significado da palavra hétero, porque aquilo que é a norma. Não precisa de nome, já que é esperado, e só existe um nome para “o outro”. 

É comum gays que se relacionaram com mulheres antes de se entenderem e assumirem gays, lésbicas que se “apaixonam” por personagens fictícios, multis que ficam “felizes” por serem bi, pan ou o que for, pois, assim, podem escolher casar ou apenas se relacionar com certo gênero — gênero este esperado pela sociedade.

Mas isso deveria ser comum? É quase como se a heterossexualidade “estivesse lá” o tempo todo.

É importante refletir: a heterossexualidade é tida como normal porque a maior parte das pessoas são assim, ou a maior parcela da população é inconscientemente forçada a ser heterossexual, porque é considerado o normal.