O termo racismo ambiental foi cunhado primeiramente nos anos 1980 por Benjamin Franklin Chavis Jr., no contexto dos movimentos de direitos civis nos EUA, para denunciar o impacto desproporcional da poluição em comunidades negras.
No Brasil ele se apresenta como uma exclusão histórica que marginaliza populações em áreas de risco e as expõe majoritariamente aos desastres climáticos. As críticas recebidas pela ministra Arielle Franco ao expor esta situação evidenciam os padrões de racismo estrututal e político que punem desproporcional e historicamente líderes negros.
O termo racismo ambiental cita explicitamente os impactos negativos da degradação ambiental que exponenciam as desigualdades sociais e raciais e atingem populações nas periferias das grandes cidades e etnias maioritárias ali, como negros, indígenas e quilombolas, o que reflete o legado colonial e escravocrata que organizou a sociedade brasileira, perpetuando exclusão, pobreza e desigualdade, como pode ser visto nos itens abaixo:
Urbanização desigual: Segundo o IBGE (2022), cerca de 16 milhões de brasileiros vivem em áreas periféricas e/ou comunidades informais, enfrentando desastres climáticos em regiões sem saneamento básico e infraestrutura adequada, o que as tornam mais sujeitas a enchentes e deslizamentos.
Comunidades indígenas e quilombolas: Sofrem com o desmatamento e a mineração ilegais, que geram desnutrição e doenças, com a contaminação por agrotóxicos e com os deslocamentos forçados, refletindo a negligência ambiental e sanitária que são sistemáticas. Um exemplo claro foi o acidente com a Barragem de Mariana (MG), que impactou gravemente as comunidades quilombolas da área.
Poluição e despejo de resíduos tóxicos: Práticas que afetam territórios vulnerabilizados, agravando problemas sociais e ambientais.
A criação de justiça ambiental passa pela valorização dos saberes tradicionais de comunidades indígenas e quilombolas, fundamentais para a preservação ambiental, pela implementação de políticas públicas inclusivas que priorizem saneamento, habitação e infraestrutura em áreas afetadas, pela garantia de voz ativa das comunidades na tomada de decisões ambientais e pela educação e conscientização voltadas ao combate das desigualdades estruturais, fortalecendo a justiça racial e ambiental.
Refletir sobre o racismo ambiental implica ampliar o debate para a estrutura histórica de exclusão que mantém arbitrariamente a pobreza e as desigualdades sociais. Exige também uma abordagem integrada de justiça racial e ambiental. “Só será possível alcançar justiça ambiental com justiça racial.” – Ministra Anielle Franco.
Referências
- Racismo ambiental existe | Diplomatique
- O que é racismo ambiental e de que forma impacta populações mais vulneráveis | Secretaria de Comunicação Social
- O que é racismo ambiental e como afeta as comunidades marginalizadas | Fundo Brasil
- Racismo ambiental é uma realidade que atinge populações vulnerabilizadas | Jornal da USP
- O que é racismo ambiental e por que falar disso é importante | Ciência Hoje
Ficha técnica
Escrita: Reinaldo Coutinho Simões
Revisão: Ingredy Boldrine e Viktor Bernardo Pinheiro