A rigidez cognitiva é a inflexibilidade caracterizada pela dificuldade em adaptar o pensamento ou o comportamento a novas situações. É muito comum observá-la em pessoas com Transtorno do Espectro Austista (TEA), mas também pode estar relacionada ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Ela se manifesta de diferentes formas, como na resistência a aceitar novas ideias ou pontos de vista, na preferência por se prender a regras e padrões pessoais de comportamento, ou na oposição a mudanças na rotina. Isso acontece porque, geralmente, esses indivíduos se sentem mais confortáveis em situações e ambientes previsíveis; além disso, trata-se também de processos cognitivos de organização e planejamento: hábitos pré-estabelecidos — como fazer sempre o mesmo trajeto para o trabalho — que exigem menos energia quando seguidos à risca ao invés de dar espaço para novas possibilidades. Logo, pequenas alterações e conflitos podem provocar ansiedade, estresse, sobrecarga sensorial e fortes reações emocionais.
Portanto, identificar esses comportamentos é importante para que a pessoa receba o tratamento adequado e, assim, possa desenvolver suas habilidades de adaptação, tornando-se capaz de resolver problemas e flexibilizar seus pensamentos e atitudes.
No TEA, a rigidez cognitiva se mostra extremamente desafiadora porque a necessidade constante de rotina e previsibilidade acaba funcionando como uma forma de autoproteção. Comportamentos como adesão inflexível a rotinas, uso de falas repetitivas e interesses fixos evitam a fadiga e o estresse emocional de lidar com imprevistos e situações adversas. No entanto, isso acaba comprometendo as habilidades sociais, já que não há flexibilidade em relação a opiniões e comportamentos alheios. Consequentemente, gera isolamento, prejudicando também a saúde mental. Sendo assim, é ideal que haja acompanhamento profissional e apoio familiar para lidar adequadamente com a condição.
Já no caso do TDAH, a rigidez cognitiva não é tão comum, mas pode se manifestar como pensamentos inflexíveis e resistência a mudanças na rotina. Isso acontece porque, para lidar com dificuldades típicas do transtorno, como sobrecarga emocional e dificuldade de organização, a pessoa pode desenvolver essas respostas. Logo, essa inflexibilidade tem impacto direto na sensação de frustração quando algo foge do previsto.
Diferentes tipos de terapia, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), trabalham a adaptação e resolução de problemas; algumas dessas opções incluem: jogos de role-playing (RPG), reforço positivo e exposição gradual a novas situações, que ajudam na adequação de outras perspectivas, além de estratégias que auxiliem o desenvolvimento de habilidades para lidar com imprevistos. Além disso, a Terapia Ocupacional (TO) também é uma excelente opção.
Portanto, ainda mais importante do que identificar a condição, é receber acolhimento, apoio e acompanhamento terapêutico adequado. Dessa forma, as mudanças que proporcionarão uma maior flexibilidade cognitiva e, consequentemente, melhor qualidade de vida, serão mais facilmente aceitas e farão parte do cotidiano sem que isso afete o bem-estar de quem sofre com tal rigidez.
Referências
- https://socialmentes.net/rigidez-cognitiva/
- https://grupoconduzir.com.br/rigidez-cognitiva-em-individuos-autistas/
- https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10578712/
- https://www.frontiersin.org/journals/psychiatry/articles/10.3389/fpsyt.2023.1072362/full
Ficha técnica
Escrita: Amanda Diniz
Leitura crítica: Viktor Bernardo Pinheiro e Bibiana Hotta
Revisão: Brian Abelha e Mariana Correa