O que é trauma psicológico

Define-se trauma psicológico como a resposta emocional involuntária advinda de quaisquer eventos provocadores de estresse extremo ou de situações ameaçadoras, os quais podem comprometer a memória, o comportamento, a cognição, as emoções e até o estado físico de um indivíduo. É extremamente recomendado que a pessoa traumatizada busque tratamento e acompanhamento psicológico, a fim de reduzir os impactos nas diferentes áreas afetadas.

Diferença entre trauma e transtorno do estresse pós-traumático (TEPT)

Embora o transtorno do estresse pós-traumático se desenvolva a partir de um trauma, nem todes que passam por um evento ou experiência traumática desenvolvem TEPT. O desenvolvimento do transtorno não depende, necessariamente, de fatores como a intensidade e a frequência na qual o evento extremo/ameaçador foi vivido, mas sim de como cada pessoa responde e lida com as respostas advindas dele. 

Respostas comuns a eventos traumáticos incluem ansiedade, exaustão, tristeza, confusão e dissociação; no entanto, o esperado é que elas se extingam gradualmente, durante um período que pode variar de semanas a meses. Porém, quando não há diminuição e os gatilhos em relação ao trauma continuam sendo intensamente ativados, comprometendo significativamente o cotidiano do indivíduo, há chances do trauma evoluir para o TEPT, que pode ser identificado pelos seguintes sintomas:

  • Reviver repetidamente o trauma através de flashbacks, pesadelos ou pensamentos;
  • Evitar quaisquer tipos de lugares, emoções, eventos ou coisas que estejam relacionadas ao trauma;
  • Ter dificuldades para dormir ou se acalmar e sofrer episódios de irritabilidade e medo extremo;
  • Dificuldades para se lembrar do ocorrido, perda de interesse em atividades anteriormente apreciadas e desenvolvimento de percepções negativas sobre si.

Formação do trauma

Como podem surgir através das mais diversas situações (em geral aquelas que são ameaçadoras, repentinas, incontroláveis ou anormais), os traumas podem se formar em vários momentos ao longo da vida, mas nem todes adquirem um trauma após experienciar algo extremo. Por outro lado, embora seja esperado que a pessoa consiga se recuperar e voltar a viver a vida cotidiana sem muitas complicações, há muitos casos em que esse resultado não consegue ser atingido de forma simples. Isso porque a maneira que um evento traumático afeta alguém é diferente de pessoa para pessoa, mesmo que ambas tenham passado por situações extremamente parecidas. 

Não só as características da experiência extrema e o tempo de exposição a ela contribuem para a maneira que ela será processada pelo cérebro; mas fatores socioculturais (como modelo de criação e religião) e pessoais (como idade durante o ocorrido) também.

Formas de tratamento

As formas como cada pessoa lida e tenta superar um evento potencialmente traumático também são variadas. Visões de mundo e traços de personalidade podem ser fatores importantes para determinar como será o decorrer desse processo. O ideal é que a caminhada até o estágio de superação ocorra de forma gradual, respeitando as particularidades da experiência de cada pessoa, especialmente em casos de indivíduos que apresentam respostas psicológicas e físicas intensas, como crises de ansiedade e pânico, quando expostos a algum lembrete/gatilho da situação traumática. 

É importante ressaltar que, embora a qualidade de vida seja recuperada, isso não significa que a memória traumática deixou de existir ou não tem mais a capacidade de provocar sensações e sentimentos incômodos. Essa memória continua armazenada em nosso cérebro; porém, com o enfrentamento adequado e persistente, nos tornamos capazes de processar e lidar com o medo que o contato com essas lembranças podem causar. Isso ocorre graças à atividade de neurônios específicos que, no entanto, nem sempre estão ativos, fazendo com que o medo e outras respostas angustiantes possam se manifestar eventualmente.

A busca por um tratamento psicológico terapêutico adequado, bem como por uma rede de apoio compreensiva e por formas de enfrentamento pessoalmente eficazes, são algumas das maneiras de se lidar com o sofrimento psíquico causado por eventos traumáticos. Apesar de não existir nenhuma forma de apagar as lembranças incômodas, as abordagens citadas anteriormente permitem a redução dos impactos negativos dessas lembranças em nossas vidas, além de fornecer a capacidade de lidar de maneira adequada com o retorno de respostas e reações negativas.


Referências


Ficha técnica

Escrita: Chenny
Leitura crítica: Bibiana Hotta
Revisão: Jéssica Larissa O.S. e Beatriz Janus