Manoel Lisboa de Moura, nascido em Alagoas em 21 de fevereiro de 1944, revelou desde cedo um profundo interesse pelas questões sociais e políticas. Sua militância teve início no movimento estudantil secundarista, em que se destacou como um jovem engajado na luta por direitos e transformações sociais. Sua atuação no Colégio Liceu Alagoano e na União Estadual dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (UESA) evidenciou sua determinação em combater as injustiças e opressões presentes na sociedade.
Após ingressar na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) para cursar medicina, Manoel Lisboa deu continuidade à sua militância política, confrontando os desafios impostos pela Ditadura Militar de 1964. Nesse contexto, Manoel Lisboa desempenhou um papel fundamental na organização do Centro Popular de Cultura da UNE (CPC) em Maceió, e filiou-se à Juventude do Partido Comunista Brasileiro (PCB), buscando formas concretas de resistência e disseminação da consciência política entre os estudantes universitários e a comunidade em geral.
No entanto, à medida que o regime militar intensificava sua repressão, Manoel Lisboa se tornou alvo das forças de repressão, obrigando-o a fugir para a cidade do Recife, em Pernambuco. Nesses novos locais, ele enfrentou desafios adicionais e entrou em conflito com a linha política do PCB. Foi nesse contexto conturbado que Manoel se aproximou do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em 1962, tornando-se um membro ativo e desempenhando um papel crucial na reorganização política dos camponeses na região da zona da mata de Pernambuco.
Após o golpe militar de 1964, Manoel e outros companheiros percebem que o PCdoB seguia desvios revisionistas, agora especialmente em relação ao Partido Comunista da China, e ainda uma política de submissão à burguesia nacional. Por isso, em maio de 1966, Manoel Lisboa de Moura, juntamente com Amaro Luís de Carvalho, Ricardo Zarattini Filho e outros companheiros egressos do PCdoB, fundaram o Partido Comunista Revolucionário (PCR). No mesmo ano, o PCR divulgou seu primeiro documento de formulação programática, a “Carta de 12 Pontos aos Comunistas Revolucionários”. Buscando reafirmar a posição de que a classe operária deveria ser considerada a vanguarda da revolução socialista brasileira, defendendo a sua liderança na luta por transformações sociais profundas.
Manoel Lisboa foi sequestrado, torturado e assassinado em 1973 pelo regime militar aos 29 anos de idade. Sua trajetória foi marcada por uma coragem decisiva, uma dedicação incansável e um compromisso inabalável na luta contra a ditadura e em prol da classe trabalhadora.
Referências: