O movimento político lésbico começa por volta dos anos 60 e tem início junto com muitas das críticas ao movimento homossexual e ao movimento feminista. Eventualmente, ele se separa de ambos pelos aspectos misóginos do movimento homossexual e dos aspectos heterocêntricos do movimento feminista. No Brasil, diversos movimentos sociais se concretizaram durante a ditadura militar, alinhados à luta pela democratização, e esse também foi o caso do movimento lésbico.
Durante esse período, em 1960, surge o jornal Lampião de Esquina. Após um ano de sua circulação, as mulheres organizadas em grupos de organização LGBTQ+ como o Somos e Eros foram convidadas a escrever para o jornal a 12ª edição, titulada “Amor entre mulheres”. Em outubro de 61, as mulheres do Somos criam o grupo Lésbico-Feminista. Também nessa época foi fundado o Grupo de Ação Lésbica Feminista.
Na contemporaneidade, a organização política de lésbicas ainda possui muitas barreiras, que também são parte das pautas de luta destas. A heteronormatividade ligada à misoginia, que gera o controle da mulher e sua sexualidade, não só impede a exploração e construção de identidade de muitas lésbicas, mas também contribui para a lesbofobia. Assim, a visibilidade das vivências lésbicas, a liberdade sexual e afetiva e o fim da lesbofobia são pautas óbvias da luta lésbica.
Além disso, a construção de políticas públicas para essa população e mais discussões interseccionais das vivências lésbicas também são centrais. Reconhecer as particularidades e dificuldades de ser lésbica, também considerando demais fatores como cor, etnia, identidade de gênero e classe econômica faz-se importante não somente para assegurar os direitos e bem-estar destas, mas também como reflexão sobre outros movimentos sociais, como o LGBTQ+ e o feminista.
Em suma, falar sobre pautas políticas lésbicas não se reduz apenas a discutir lesbianidade e lesbofobia, mas todas as questões estruturais que são parte destes temas. Compreender e estar atento a estas reivindicações políticas é um aprendizado rico para lésbicas, sáficas, mulheres hétero, homens, pessoas não binárias e muitos outros, quando objetivando a construção de uma sociedade livre para viver, amar e ser amado.
Referências:
- Oliveira, 2018. LÉSBICAS EM LUTA: ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E CONSCIÊNCIA MILITANTE
- Mídia ninja: Dia da Visibilidade Lésbica: um chamado à luta por políticas públicas
- SIPAD: A trajetória das lutas pela visibilidade Lésbica
Ficha técnica:
Escrita: Anônime
Revisão: Lívia Figueiredo