Transtornos de personalidade

Os transtornos de personalidade são chamados dessa forma pois os padrões de pensamento e comportamento que causam prejuízo e/ou sofrimento podem ser considerados traços de personalidade, relativamente estáveis ao longo do tempo (ex: extroversão). No entanto, esses traços se tornam muito acentuados, rígidos (inflexíveis) ou desadaptados (não adaptados para o contexto) causando prejuízo e/ou sofrimento.  Eles não são compatíveis com a cultura do indivíduo, são difusos (se espalham em diversas esferas da vida) e inflexíveis, começando na adolescência ou início da fase adulta.

Por exemplo, uma pessoa extrovertida e muito sociável pode ser considerada carismática e ter diversas relações saudáveis e benefícios em diferentes esferas de sua vida. Mas se sua busca por atenção e socialização for muito intensa e constante, não sendo capaz de perceber a inadequação ao contexto e portanto causando vários prejuízos para sua vida social, profissional e saúde mental, essa pessoa possivelmente teria um transtorno de personalidade (TP).

Os TPs são divididos em 3 grupos: O grupo A inclui o Transtorno de personalidade paranoide, o esquizoide e o esquizotípico. Esses transtornos são agrupados pois seus indivíduos são frequentemente vistos como esquisitos e excêntricos; O grupo B inclui o Transtorno de personalidade antissocial, borderline, histriônico e narcisista. Seu agrupamento é devido à percepção social destes indivíduos como emotivos, dramáticos ou erráticos; já o grupo C agrupa o transtorno de personalidade evitativo, dependente e obsessivo-compulsivo. Os indivíduos com esses transtornos podem frequentemente ser descritos como ansiosos e medrosos.

Os transtornos de personalidade em geral possuem prevalência de 9,1% na população, sendo muito frequente a presença de mais de um transtorno da personalidade em um indivíduo, inclusive de agrupamentos distintos (ex: borderline e obsessivo-compulsivo). No entanto, é importante destacar que todos os transtornos devem ser compreendidos a partir da realidade do indivíduo que o possui. No Brasil, existem poucos estudos sobre a prevalência e o processo diagnóstico desses transtornos, dificultando a diagnosticação e compreensão acerca destes. 

Embora frequentemente se vejam os transtornos da personalidade de forma categórica, existe um modelo alternativo para os TP, o modelo dimensional. Esse modelo surge a partir da percepção de que diversos indivíduos com transtornos de personalidade não possuem todas as características diagnósticas de seu transtorno e/ou possuem características patológicas (desadaptadas, causadoras de prejuízo e/ou sofrimento) de outros TP. Portanto, o modelo categórico falharia em perceber o sofrimento e prejuízo do indivíduo de maneira mais completa, enquanto o modelo alternativo tem seu enfoque em características de TPs. Aqui na LGBTQ Spacey já foi discutida a temática “Me identifiquei com uma característica de transtorno… e agora?” onde é abordado um pouco mais sobre o processo diagnóstico. Caso você tenha curiosidade sobre algum transtorno de personalidade específico ou queira saber mais sobre algum aspecto dos TP, deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários.


Referências


Ficha técnica

Escrita: Bibiana Christofari Hotta
Revisão: Brian Abelha