8 personagens aro, ace ou aroace para você conhecer

O espectro da assexualidade e da arromanticidade (aroace) é muito vasto, recheado de experiências únicas e existências maravilhosas — cheias de personalidade, talento e beleza. Mas, mesmo com tudo isso, são pouco representadas nas grandes mídias, ou ainda, mal representadas. 

Então, levando isso em consideração, essa é a lista perfeita para que você conheça mais personagens que pertencem à comunidade aro, ace e até mesmo aroace.

Esses são os oito personagens aro/ace para você conhecer!

Ca$h Piggott – Heartbreak High 

Na imagem, há um jovem sentado em uma escada de concreto. Ele tem cabelo curto, expressão séria e está vestindo uma camisa polo azul, calça escura e tênis pretos com branco. Usa uma pochete preta atravessada no peito e exibe um anel dourado em um dos dedos. O ambiente tem paredes de tijolos claros e um corrimão azul.
Ca$h em Heartbreak High

Heartbreak High é uma série de duas temporadas, com oito episódios cada, lançada em 2022 e disponibilizada pela Netflix. Originalmente australiana, a versão atual da série foi criada por Hannah Carroll. Ca$h é uma personalidade muito emblemática na história e, por vezes, contraditória — mas que consegue de forma espetacular trabalhar com a empatia do público. Além de muitas camadas que são trabalhadas na narrativa, o personagem de William McDonald também é assexual

É apenas uma parte da sua identidade. Há todo um espectro de coisas que o constituem. […] O maior equívoco é [pensar] que deve haver algo errado com você se você é assexual ou deve ter havido algo terrível que aconteceu com você em sua vida em relação a uma experiência sexual que o desanimou. E que tudo que você precisa é de alguém que venha e ‘conserte’ isso. 

Acho que esse é provavelmente o maior equívoco — a ideia de que sua identidade não é válida e não vale a pena ser discutida.

William McDonald, ator que interpreta Ca$h, em entrevista. 

Melissa (ou Lexine) – O toque do cupido

Capa do livro ‘O toque do Cupido’, de Isabel Souza. O fundo é vermelho e o título está escrito em fonte cursiva branca, com a palavra 'Cupido' decorada com uma flecha e uma pequena folha. Na parte inferior da imagem, há uma mão erguida com os dedos abertos, tocando um coração brilhante em tom rosa, que parece feito de cristal, e o nome da autora em fonte cursiva branca. No canto superior direito, há o logotipo da editora ‘Litterae’.
Capa de O toque do Cupido, de Isabel Souza

O toque do cupido é um conto escrito por Isabel Souza e está disponível no Kindle Unlimited. Com uma história um tanto quanto peculiar, a narrativa gira em torno de um cupido: Melissa, seu nome humano, ou Lexine, nome verdadeiro da entidade mágica. Sendo arromântica estrita, Lexine nunca poderia — e nem conseguiria — se apaixonar. Mesmo assim, toda a sua missão e trabalho estão voltados ao amor e ao ato de juntar pessoas predestinadas a estarem juntas. Espirituoso, com uma escrita fluida, bem estruturada e viciante, O toque do cupido com certeza vai entrar para a sua lista de queridinhos. 

Acredite, eu já questionei a mim mesma se estava apaixonada por ela, e agora tenho certeza de que não estou, assim como nunca estive apaixonada por ninguém. Sei que amor romântico não é o único motivo que leva alguém a querer um relacionamento, mas, ainda assim, eu não quero.

Lexine, em O Toque do Cupido.

Sarah ‘O’ Owen – Sex Education 

Na imagem, há uma jovem de expressão séria em pé atrás de um púlpito. Ela tem cabelo liso e franja, e veste uma camiseta azul-marinho com a palavra 'Vote' em rosa sobre uma blusa de manga longa branca. À frente dela, há dois microfones. O fundo é composto por painéis verticais de madeira em tons claros e escuros, com uma faixa rosa central.
‘O’ em Sex Education

Sex Education, disponível na Netflix, é uma série de quatro temporadas que explora, de maneira positiva, bem humorada e acurada, as diversas formas de existir enquanto sexualidade, gênero e identidade. Embora a pioneira para a menção da assexualidade na obra seja Florence Simmons, a personagem tem uma aparição curta e, infelizmente, não tão bem desenvolvida durante a segunda temporada. Realidade bem diferente diante da aparição de ‘O’, que é uma garota assexual que se compromete a auxiliar outres personagens em suas jornadas e questões sexuais. ‘O’ corrompe e desmistifica um conceito muito comum, mas errôneo, de que pessoas ace não podem entender ou falar sobre sexo — e ela faz isso muito bem. 

Não é tão absurdo que pessoas assexuais simplesmente saibam das coisas. […] Eu queria dar mais fundamento a isso e torná-la inteligente. Ela se educou, estuda, e está apenas educando; não foi um ser superior que lhe concedeu essa estranha sabedoria. Ela sabe das coisas da mesma forma que Otis.

Fala de Yasmin Benoit, ativista assexual que trabalhou como roteirista e consultora na última temporada de Sex Education, em entrevista. 

Alexa – Eu vos declaro, Aro

Capa do livro ‘Eu Vos Declaro, Aro – Edição comemorativa’, dê autore Alie. A imagem mostra uma pessoa de pele negra com maquiagem marcante: delineado preto com sombra verde e batom escuro. Ela usa brincos e um colar com pingente nas cores da bandeira arromântica. Seu cabelo é dividido em mechas grandes nas cores preto, cinza, branco e verde, formando um leque ao redor da cabeça e fazendo, também, alusão à bandeira aro. O título está disposto em letras brancas no lado direito da capa, com a palavra 'Aro' escrita em fonte cursiva.
Capa do livro Eu vos declaro, Aro, de Alie

Eu vos declaro, Aro é o conto de estreia de Alie, autora independente nacional. A história narra, em terceira pessoa, a jornada de autodescoberta de Alexa como uma pessoa arromântica. Atormentada pela confusão de simplesmente não conseguir retribuir os sentimentos românticos que eram jogados sobre si, Alexa por muitas vezes tentou se convencer de que era possível desenvolver amores e paixões daquele tipo — em um mundo completamente allonormativo, era óbvio que ela se sentiria culpada e até mesmo “anormal” por não corresponder a esses sentimentos. Eu vos declaro, Aro é, com certeza, um convite muito sincero — e que você deveria aceitar — para o processo mais íntimo, verdadeiro e libertador pelo qual alguém poderia passar: o de auto aceitação e auto amor. 

Você pode estar tentado a dizer “vamos lá Alexa, você consegue. Nem todo mundo começa um relacionamento atraído amorosamente por seu cônjuge. É natural, vai se desenvolver.” Sei que está, porque foi isso que ela repetiu pra si mesma durante todos os dias, por anos.  Até descobrir que, não, não era justo. […] Não existia justiça em tentar amar, quando amar, fazia ela se sentir perdida no seu próprio mundo.

Trecho transcrito do livro.

Iris – Não é esse tipo de amor

Capa do livro ‘Não é esse tipo de amor’, de Isabela Fiori. A ilustração mostra duas pessoas flutuando lado a lado: um garoto de cabelo cacheado curto, pele clara, vestindo camiseta branca com estampa amarela e verde escrita ‘GLOBO – Eu sou carioca!’ e bermuda azul; e uma garota de pele escura, cabelo cacheado volumoso, vestindo uma camiseta preta com os dizeres ‘PROTECT TRANS KIDS’ e short. Eles estão de olhos fechados e sorrindo, com um traço desenhado em forma de coração ao redor da cabeça da garota de camiseta preta. O título está no topo em letras brancas manuscritas, e o nome da autora aparece na parte inferior da capa.
Capa do livro Não é esse tipo de amor, de Isabel Fiori

Não é esse tipo de amor (NEETDA) é uma narrativa envolvente, sensível, nacional e independente. Disponível no Kindle Unlimited, ele foi escrito por Isabela Fiori, que é aroace e escreve personagens que também pertencem à comunidade. O enredo de NEETDA gira em torno de Iris e Oliver, dois ex-melhores amigos que, de repente, precisam fingir um relacionamento por conta do medo do preconceito. Mas, afinal, o que poderia acontecer? É isso que Iris — que é assexual e arromântica — pensa antes de perceber que, nessa relação, o amor decidiu florescer — não um amor romântico, mas um amor platônico. 

Ao contrário do que muitos podem pensar, eu fui ensinada a amar. Meus pais me diziam desde pequena, de várias formas, que o romance era o propósito final da vida. […] No entanto, conforme eu crescia, vi que havia algo de diferente em mim. Se esse tipo de amor era tão fundamental, por que eu não conseguia sentir?

Iris, em ‘Não é esse tipo de amor’.

Alma – Pura

Capa do livro ‘Pura’, de Sarah Leão Telles. A imagem tem um fundo rosa claro com um desenho em estilo cartoon de uma garota de cabelos médios e lisos, usando óculos redondos e camiseta listrada. Ela está com as mãos apoiadas no rosto, sorrindo levemente, com bochechas coradas. À esquerda da personagem, há um pequeno coração branco com traços irradiando ao redor. O título ‘Pura’ está centralizado no topo em letras grandes e coloridas, com efeito tridimensional em azul e rosa. O nome da autora aparece na parte inferior em azul claro.
Capa do livro Pura, de Sarah Leão Telles

Escrito por Sarah Leão Telles e disponível no Kindle Unlimited, Pura narra a trajetória de Alma durante vários períodos de sua vida. Começando na infância e perdurando até o momento em que se descobre e se aceita como assexual e arromântica, essa história é carregada de delicadezas e, ao mesmo tempo, potências sobre autoconhecimento, pertencimento e também “Amor”. Afinal, o que você faz quando todos apenas insistem em te enxergar como, simplesmente, pura? Essas são as camadas que Telles consegue desenvolver ao decorrer da narrativa — e ao decorrer de toda a vida de Alma. 

Alguns arromânticos e assexuais mantinham um relacionamento, algo entre amizade e namoro, mas eu não sabia exatamente como funcionava. No meu caso, eu sequer conseguia me imaginar em um relacionamento romântico e não sentia falta disso.

Alma, em ‘Pura’.

Amara – A Caminho de Casa

Capa do livro ‘A Caminho de Casa’, de May Barros. A ilustração mostra um cenário cósmico em tons vibrantes de azul, roxo e verde, com planetas ao fundo. Em primeiro plano, uma jovem bruxa voa em uma vassoura mágica, vestindo saia, camisa branca, chapéu pontudo e bolsa roxa. Ela segura a vassoura enquanto olha para cima, onde outra personagem — também com chapéu de bruxa — voa sobre uma prancha mágica, em direção a um planeta gigante com anéis. O título está escrito em letras brancas e curvas: ‘A Caminho de Casa’, com o nome da autora abaixo.
Capa de A caminho de casa, de May Barros

Escrito por May Barros, A Caminho de Casa é uma narrativa nacional e independente que está disponível no Kindle. Amara é uma bruxa que vive um relacionamento queerplatônico com a melhor amiga Luiza — ambas arromânticas. Juntas há anos, Amara e Luiza dividem um apartamento aconchegante, que carrega a essência das duas. Além disso, também compartilham personalidades distintas, mas que se complementam como se fossem feitas para coexistir. Embarcando em uma aventura em busca da Fortaleza de Laura, a Rainha Dragão, Amara, sempre mais receosa do que a melhor amiga, acaba seguindo os passos de Luiza — que, no fim, encontra mais do que esperava nessa busca.

A relação das duas era puramente platônica, ambas eram arromânticas e estavam perfeitamente contentes com seu arranjo. Amara tinha sua privacidade e Luiza tinha sua liberdade para explorar o mundo.

Trecho transcrito do livro.

Parvati Holcomb – The Outer Worlds

Uma personagem de videogame de aparência realista e expressão séria. Ela tem pele bronzeada com sardas visíveis, olhos castanhos e lábios cheios. Usa uma faixa na cabeça com óculos de proteção metálicos sobre a testa. Seu cabelo escuro está preso em um coque alto e alguns fios soltos caem ao lado do rosto. A iluminação quente destaca os traços faciais. O fundo é liso e em tom vinho escuro, dando ênfase ao rosto da personagem.
Personagem Parvati, de The Outer Worlds

Personagem autêntica, inteligente e habilidosa, Parvati Holcomb faz parte do RPG The Outer Worlds. Ela se destaca por conta da sua empatia e rapidamente conquista a afeição e a confiança do jogador — conquistas essas que podem se mostrar difíceis nos dias de hoje, mas que Holcomb exerce com excelência. Disponível no Nintendo Switch, Playstation e também Xbox, The Outer Worlds proporciona representatividade, sensibilidade e delicadeza através da trajetória de Parvati, que é assexual

Não me interesso muito por… coisas físicas. Nunca me interessei. Pelo menos não como as outras pessoas parecem se interessar. Não é que eu não consiga. É que não me importo.

Fala da personagem no jogo.


Referências


Ficha técnica

Escrita: Nunu Pítaro
Leitura crítica: Viktor Bernardo Pinheiro
Revisão: Mariana Correa e Beatriz Janus