Lesbianidade Tardia

A lesbianidade tardia é quando uma mulher se descobre lésbica mais tarde na vida, geralmente já na vida adulta, muitas vezes após anos de relacionamentos heterossexuais.  A lesbianidade tardia possivelmente possui mais fatores que levam a essa ocorrência em comparação às demais vivências de se entender tardiamente, como por exemplo de homens gays. 

Um dos fatores que levam mulheres a se descobrir como lésbicas tardiamente (assim como outras identidades queer) é a cultura heteronormativa e as expectativas que vêm com ela. As possibilidades de imaginar-se em uma vida satisfatória são geralmente ligadas a um relacionamento heterossexual, especialmente para mulheres, cujo “sucesso” percebido pela sociedade ainda é fortemente ligado à constituição de uma família no modelo tradicional, à gestação e ao cuidado dos filhos. 

Outro ponto relevante é a ideia da sexualidade como algo 100% fixo e imutável. Essa ideia foi especialmente útil para indivíduos de minorias sexuais que tentavam estabelecer sua identidade como válida e natural em um mundo que os via como “errados” e “doentes”, ou até mesmo “passando por uma fase” para indivíduos bi ou pansexuais. Essa ideia acaba excluindo pessoas cuja sexualidade é mais flexível, podendo mudar com o passar dos anos. Esse discurso também pode excluir pessoas cuja sexualidade foi descoberta tardiamente e que se possuíram relações heterossexuais, por fugir da norma “ideal da homossexualidade”. 

A sexualidade feminina também é muitas vezes desestimulada e não representada. A falta de experimentação sexual e autoconhecimento quanto às suas preferências sexuais (de forma geral) pode estar ligada a maior demora de mulheres em tomar consciência de sua atração por outras mulheres ou pessoas de expressão de gênero feminina. 

Embora discutido em meios LGBTQ+ e meios feministas, o fenômeno da lesbianidade tardia possui pouca visibilidade na sociedade e no meio acadêmico. De forma geral, a sexualidade feminina vem sendo ignorada em estudos sobre sexualidade e comportamentos sexuais, e portanto, sua diversidade e especificidade é pouco entendida e compreendida, contribuindo para a manutenção de experiências de descobrimento tardio e a estigmatização da fluidez sexual.


Referências:


Ficha técnica:

Escrita: Anônime

Leitura crítica:

Revisão: Lara Moreno