A (falta de) representação Aroace na mídia

A representação na mídia de todos os tipos de pessoas e vivências, em especial as minorias, tem grande importância por abrir diálogos, reconhecer essas vivências, ajudar na maior compreensão quanto a essas minorias e dessas minorias sobre si mesmas, etc. Para as pessoas arromânticas e/ou assexuais, o mais comum é que não haja representação nenhuma quanto às suas vivências na mídia, ou quando há, ela não valida a existência arromântica ou assexual e a desumaniza.

A assexualidade e a arromanticidade são pouco compreendidas pela sociedade geral, pois podem ir contra muitas das concepções tradicionais da experiência humana, como se apaixonar, transar, formar um núcleo familiar e ter filhos. Para as próprias pessoas aro/ace é difícil poder se entender como pertencentes a essas comunidades, considerando antes compreensões negativas de sua vivência, como transtornos sexuais, desregulação hormonal, não ter achado a pessoa certa, e a lista segue. A falta de representação na mídia de pessoas aro/ace contribui para ambos cenários.

Ou pior ainda, as poucas representações aro/ace na mídia, tendem a contribuir ainda mais para a falta de compreensão dessas identidades e experiências. Diversos personagens são retratados como não-humanos, frios e impessoais, pintando a assexualidade e arrômanticidade “como a incapacidade de amar e sentir”. Por vezes, a falta de interesse romântico ou sexual de um personagem é atribuída ao famoso estereótipo de “não ter encontrado a pessoa certa”, servindo, por exemplo, como um obstáculo que seu interesse romântico deve superar para conquistá-lo. Personagens cuja identidade é constantemente questionada também podem ser problemáticos. 

Essas representações na mídia (e a falta delas) contribuem para a perpetuação de estereótipos e entendimentos ultrapassados das relações humanas, até mesmo de forma geral. Ao não se verem refletidas em nenhum lugar, pessoas aro/ace também tendem a ter dificuldade de se entender e passar a ter uma visão compreensiva e positiva sobre a forma que experienciam amor e atração sexual. Podemos ver esse cenário mudando aos poucos, com livros como Loveless de Alice Oseman por exemplo, mas ainda é necessário rever o quanto  essas experiências minoritárias estão sendo representadas e bem feitas.


Referências:


Ficha técnica:

Escrita: Anônime 

Leitura crítica:

Revisão: Lívia Figueiredo