Muitos acreditam que a Ditadura Militar Brasileira afetou apenas quem se envolvia com política. Ou que ela reprimiu a classe média, os artistas e os intelectuais, sempre brancos, mas passou despercebida nas periferias. Entretanto, a realidade é bem diferente: a ditadura aprofundou desigualdades e violências que perduram até hoje, muitas cometidas pelo próprio Estado. Por outro lado, a periferia sempre resistiu com fortes mobilizações e, hoje, uma nova geração de jornalistas trabalha para resgatar essas histórias. Conheça algumas delas:
Chumbo & Soul

Os bailes black chegaram ao Brasil nos anos 70, auge da ditadura. Eles foram muito importantes para a construção de uma identidade preta, mas foram vistos como subversivos pelo regime. A áudio-série Chumbo & Soul, produzida por Rafael Porcidônio em parceria com a Rádio Novelo, volta às raízes dessas festas para entender como era ser uma pessoa negra nesse período. De Tony Tornado à favela da Praia do Pinto, passando pelas memórias do próprio narrador, cada episódio é um mergulho profundo na história afro do Brasil.
A série está disponível na Audible.
Incontáveis, ep. 5

Incontáveis é uma série documental que se propõe a contar histórias não muito conhecidas sobre a ditadura. O episódio 5, denominado População Negra e Moradores de Favela na Ditadura, evidencia como os militares venderam o mito da “democracia racial” enquanto destruíam comunidades, prendiam militantes negros e tornavam a polícia mais letal do que nunca — tudo isso enquanto constrói um paralelo com os problemas atuais sofridos pela população periférica.
A série está disponível no Youtube.
Nós, Mulheres da Periferia

O site jornalístico Nós, Mulheres da Periferia, criado em 2014 para repercutir histórias que ainda não haviam sido contadas, se uniu ao Museu da Resistência para um projeto especial: resgatar as memórias de mulheres periféricas que viveram e resistiram ao período da Ditadura Militar no Brasil. Expostas à violência policial e à falta de direitos básicos, elas aprenderam a proteger umas às outras e a se organizar politicamente para exigir melhores condições de vida. A série de reportagens também reforça a importância da memória e coletividade, especialmente quando vinda de pessoas comuns.
A série está disponível no site do Memorial da Resistência.
Referências
- Chumbo e Soul: Uma série sobre a ditadura da perspectiva da população negra no Brasil.
- “Angola Janga” e “Chumbo & Soul” destacam resistência negra em novas audiosséries da Audible
- https://nosmulheresdaperiferia.com.br/especial/ditadura-e-periferia-o-olhar-das-mulheres-para-uma-memoria-em-construcao/
Ficha técnica
Escrita: Larissa Cristal
Leitura crítica: Viktor Bernardo Pinheiro
Revisão: Beatriz Janus e Mariana Correa