Quem foi Marsha P. Johnson?

Marsha P. Johnson nasceu em 24 de agosto de 1945 em Nova Jersey e cresceu em família religiosa, tendo sua feminilidade reprimida desde os 5 anos de idade, quando compreendeu que não se encaixava nos conceitos de gênero que tanto lhe empurravam. Depois de ser vítima de assédio e abuso sexual pela maneira em que se vestia, ela passou a mascarar sua expressão e identidade de gênero.

Após o ensino médico, ela saiu da casa dos pais e se mudou para Nova Iorque. Lá, trabalhou por alguns anos como garçonete. Ao se mudar para outro bairro da cidade, no entanto, enfrentou dificuldades para se sustentar e passou um tempo como sem-teto, até começar a se prostituir. Foi nas ruas, então, que Marsha encontrou uma comunidade e tomou coragem para se assumir. No início, utilizava o nome Black Marsha, mudando para Marsha P. Johnson um pouco depois.

Foto de Marsha P. Johnson do busto para cima, virada para a esquerda. Ela é negra, magra, com traços largos. Seu cabelo está coberto por uma tiara de flores coloridas e grandes e ela usa um vertido rosa e alguns colares beges. Sorri para a câmera, usando batom vermelho, e segura um copo. O fundo mostra uma parede branca com prateleiras e uma mesa preta.
Marsha P. Johnson

Desde que se reconheceu enquanto livre para ser ela mesma, Marsha engajou no ativismo em prol da comunidade queer. Devido a isso, chegou a ser presa dezenas de vezes e até mesmo baleada. Apesar do histórico de luta, seu legado como ícone queer surgiu em 28 de Junho de 1969, acompanhada da Revolta de Stonewall. Em resgates do acontecido naquela noite, Johnson confirmou que ainda não estava presente no início da revolta, mas isso não impediu que seu nome fosse imortalizado junto ao acontecido, especialmente por ter combatido a polícia posteriormente na mesma ocasião.

Depois de Stonewall, ela se juntou à GLF (Gay Liberation Front) e fundou a STAR (Street Transvestite Action Revolutionaries), uma organização de acolhimento a jovens trans desabrigades, junto de Sylvie Rivera, amiga com quem havia criado um forte laço. O abrigo era mantido com o dinheiro do trabalho sexual de ambas.

No aniversário da revolta, no ano seguinte, deu-se início à tradição da Parada LGBTQ+, e Marsha marcou presença. Em 1973, ela e Rivera foram expulsas da marcha por pessoas cisgênero heterodissidentes que alegavam que a presença de pessoas como elas — trans — sujavam o nome da comunidade. Em resposta, ambas foram à frente, guiando a Parada.

Provavelmente afetada pela sua vida difícil e de constante luta, Marsha se encontrou psicologicamente instável em muitos momentos de depressão, chegando à agressividade. Nesses momentos, era comum que lhe concedessem hospitalização e sedativos.

Ela foi encontrada morta em um rio um pouco depois da Parada LGBTQ+ de 1992. Inicialmente, a polícia encarou a questão como suicídio mas as amizades de Johnson insitiram na reabertura do caso, que foi realizada. À época, a violência anti-queer estava em seu ápice em Nova Iorque, e tais crimes eram comumente cometidos por policiais também.

Várias pessoas afirmaram tê-la visto sendo importunada por um grupo logo antes de sua morte, e uma testemunha relatou ter ouvido um homem abertamente queerfóbico confessar em um bar que havia assassinado “uma drag chamada Marsha” em meio a xingamentos preconceituosos, mas a polícia ignorou seus relatos. Apesar da reabertura do caso, a força policial nunca se movimentou para realmente ir atrás do que aconteceu, e a causa de sua morte foi marcada como “indeterminada”.

Seu corpo foi cremado e um funeral foi conduzido em uma igreja local, seguido de uma marcha. Suas cinzas foram soltas no Rio Hudson, o mesmo em que foi encontrada. O caso foi reaberto mais de uma vez, mas nenhuma conclusão foi feita.

Mesmo após seu falecimento, Marsha P. Johnson continua viva na comunidade queer, sendo um dos nomes mais conhecidos da luta LGBTQIA+.


Referências: