O “Genocide Gaze”, também chamado de “Nazi Gate”, é um termo que se refere às mídias que têm por objetivo romantizar, ainda que de forma inconsciente, o período do holocausto.
A ascensão do nazifascimo deu-se na década de 30, a partir da construção de um cenário político que culminou com a nomeação de Adolf Hitler como chanceler pelo presidente alemão, seguido da instauração da ditadura nazista em 1934 com a morte do então presidente. É importante frisar que um dos principais alicerces do nazifascimo consistia no uso da propaganda nazista, sendo ela utilizada de forma enganosa para atrair a atenção e o fascínio da população pela Ditadura Nazista, bem como perpetuar a ideia de superioridade de raças.
É de conhecimento geral que o nazismo foi uma das grandes tragédias da humanidade, culminando com a morte de milhares de minorias em campos de concentração, em especial judeus. Até os correntes dias, o período do nazifascismo causa uma comoção global, em um misto de repulsa e fascinação. O pesquisador Jacques Fux (2000) elenca que “O nazismo até hoje nos intriga, já que nos leva a pensar acerca dos nossos próprios limites enquanto seres humanos. Os limites da violência, da destruição em massa e do genocídio, além do uso da arte, da propaganda e da cultura, são questões recorrentes e que merecem ser profundamente estudados.” Tal época, portanto, acaba sendo uma referência para a produção de inúmeros filmes, séries, livros e demais mídias, fato este que acaba mantendo o assunto em alta.
Porém, é preciso discutir o modo como o período do nazifascismo é abordado nos mais diversos meios de comunicação. Como explicado acima de forma sucinta, o termo “Genocide Gaze” é utilizado em situações que acabam romantizando o período de ascensão do nazifascismo. Essas situações possuem como mecanismo de funcionamento transmitir determinado evento histórico através da visão de pessoas nazistas.
Como um dos principais exemplos desse fenômeno, tem-se a obra “O Menino do Pijama Listrado”. O livro, alvo de inúmeras críticas por indivíduos e entidades judaicas, retrata o holocausto de uma maneira completamente deturpada, sendo um dos objetivos (ainda que velado) tanto do livro quanto do filme fazer com que o espectador sinta pena em relação a narrativa. Em especial, pena da família nazista.
Utilizando-se da inocência da criança protagonista, tanto o filme quanto o livro utilizam-se de elementos visuais e narrativos para proporcionar uma atmosfera de empatia por uma criança alemã cujo pai era um general nazista, restringindo a emotividade do espectador à uma única pessoa, enquanto os milhares de judeus que passam pela mesma situação não são o alvo da sensibilidade direcionada ao personagem principal.
Desse modo, o “Genocide Gaze” acaba criando uma atmosfera que subverte a real questão, tirando o foco daqueles que realmente sofreram as consequências do holocausto e direcionando-o para os causadores.
“O Menino do Pijama Listrado” é uma das obras mais conhecidas quando o assunto é Genocide Gaze, mas ela não é a única. É preciso parar de consumir e reverberar obras que coloquem o nazifascismo nesse local de empatia. Quando se fala desse período tão conturbado da história, é difícil encontrar abordagens que não acabam deslizando para o Genocide Gaze, ainda que não seja o objetivo.