Índice de suicídio na comunidade PCD

⚠ Atenção! Este texto contém conteúdo sensível.

Falar sobre suicídio num geral requer uma mente aberta, empatia e seriedade para se lidar com o peso que o tema carrega. Quando o foco se torna um grupo específico, as análises e abordagens precisam se encaixar na especificidade desse grupo.

Algumas pessoas apresentam mais propensão a adquirirem tendências suicidas e a cogitar o ato do que outras. Isso se dá por vários fatores de risco, como relações familiares conturbadas, insegurança ao acesso de serviços básicos (saúde, moradia, segurança etc), preconceito, dentre outros. Ao analisar esses fatores, torna-se óbvio que minorias são as mais afetadas por eles, logo, se tornam mais propensas a terem contato com pensamentos e tendências suicidas do que a maioria.

Uma comunidade bastante afetada pelo comportamento suicida é a de pessoas com deficiência (PCD). Uma pesquisa realizada na Inglaterra aponta que o índice de suícidio é quatro vezes maior em PCDs do que em pessoas sem deficiência. No Brasil, estima-se que 26% das pessoas que tentaram suicídio possuiam algum tipo de deficiência ou transtorno. Infelizmente, há uma certa escassez de material sobre o tema (seja para apontar índices sobre o suicídio na comunidade PCD em um geral ou em grupos de deficiências específicas), tornando difícil fazer uma dimensão precisa sobre como o comportamento suicida afeta esse grupo.

A maior predisposição de PCD a esses comportamentos, pensamentos e tendências pode ser ligada aos estigmas atribuídos a estes indivíduos, como os de que são dependentes, infantis e coitados. Infelizmente, esses pensamentos ainda são reproduzidos atualmente, prejudicando a saúde mental desse público. Isso porque muites acabam não recebendo o suporte devido, seja por superproteção ou abandono das pessoas próximas, que deveriam ser sua rede de apoio primário.

Caracterizar ume PCD como sendo digne somente de sentimentos de pena e proteção é apagar toda sua individualidade, lhes tirando o protagonismo da própria vida e criando sentimentos de incompreensão e frustração. As violências sofridas por sues cuidadores provém de emoções como superioridade, desprezo e necessidade de culpar outra pessoa por frustrações pessoais, o que pode ocasionar no indivíduo tendo percepções negativas sobre si próprio, lhes fazendo sentir culpa por estarem submetendo sues cuidadores a preocupação, estresse, cansaço e sofrimento.

A falta de conhecimentos sobre como acolher ê PCD de maneira correta não se encontra só no núcleo familiar, mas em todos os outros de nossa sociedade. Poucos são os profissionais que se preocupam em obter uma formação que será inclusiva para essas pessoas, o que torna a prestação de serviço para esse público um desafio que não é bem encarado.

Sem uma rede de apoio segura e com dificuldades ao acessar serviços básicos, em especial o de saúde, o deterioramento do psicológico é o esperado, podendo acarretar em doenças, transtornos e em suicídio caso não sejam identificados os sinais ou iniciado um tratamento.

Mais importante do que discutir sobre suicídio em um geral é entender como ele se manifesta em diferentes grupos, saber sobre suas especificidades e, a partir daí, começar a pensar em maneiras de conscientização e prevenção. 


Referências


Ficha técnica

Escrita: Chenny
Revisão: Viktor Bernardo Pinheiro e Brian Abelha