Magnus Hirschfeld foi um médico e sexólogo alemão, fundador do Comitê Científico-Humanitário e da Liga Mundial para a Reforma Sexual, caracterizado por lutarem pelo direito dos homossexuais e transgêneros ainda no século XIX. Por esses feitos, ele é caracterizado como um dos primeiros ativistas da causa LGBT.
Nascido numa família de judeus, Hirschfeld seguiu os passos da família e decidiu estudar medicina. Após fazer uma viagem para os Estados Unidos e se envolver com grupos gays de Chicago, decidiu estudar sobre as similaridades com a mesma subcultura da Alemanha, propondo que ser homossexual era algo universal. Ele também estudou sobre a existência de pessoas LGBT no Rio de Janeiro, Tangêr e Tokyo.
Grande parte da sua obra e seu trabalho era revogar o Parágrafo 175, que criminalizava a homossexualidade na Alemanha. Para isso ele fundou o Comitê Científico-Humanitário com o slogan “justiça através da ciência”, em que Hirschfeld dizia que o conhecimento científico sobre a sexualidade eliminaria o preconceito contra homossexuais. Ele também se envolveu com movimentos feministas, o que o encorajou a lutar pelo direito de lésbicas não serem discriminadas pela mesma lei.
Quando a república de Weimar foi instaurada na Alemanha, Hirschfeld decidiu abrir um instituto de estudos sobre a sexualidade, que consistia em uma biblioteca sobre sexualidade e prestava serviços educacionais e consultas médicas. Dora Richter, a primeira pessoa a fazer cirurgia de redesignação sexual, foi uma das pessoas atendidas pelo instituto.
Um museu do sexo foi criado dentro do instituto com propósito educacional para outras pessoas entenderem melhor sua sexualidade. Durante esse tempo, Hirschfeld criou um sistema que incluía 64 tipos diferentes de sexualidade, além de criar os termos travesti e transexual (hoje em desuso). Ele também fez uma distinção entre transgeneridade e intersexualidade.
O instituto servia também como um abrigo para pessoas LGBTQ+, sendo um espaço seguro para pessoas que foram agredidas e precisavam de acompanhamento terapêutico ou empregos (Hirschfeld ajudou diversas pessoas trans a conseguirem empregos e retificarem seus documentos).
Em 1919, Hirschfeld fez o primeiro filme pró-LGBT, Diferente Dos Outros. Apesar de ter a homossexualidade como tema central, o filme também mostra personagens bissexuais, lésbicas e transgênero, incluindo travestis. Mesmo tendo sucesso em sua estréia, logo uma onda de protestos surgiu fazendo com que a produção fosse banida no ano seguinte, sendo apenas mostrada no instituto fundado por Hirschfeld.
Infelizmente, grande parte dos estudos sobre sexualidade e gênero feitos por Hirschfeld foram perdidos com a ascensão do nazismo em 1933. Menos de 4 meses no poder, uma das primeiras ordens de Hitler foi a destruição do instituto e a queima dos livros, incluindo o filme Diferente Dos Outros (que hoje tem apenas uma cópia existente, porém incompleta). Já sendo perseguido antes por ser gay e judeu, Hirschfeld se exilou na França e faleceu em 1935, aos 67 anos, no dia do seu aniversário.
Em seus últimos anos, Hirschfeld escreveu um livro que abordava a questão racial, tendo em vista o que via acontecer com os judeus na Alemanha.