Masking (ou Camuflagem Social)

O termo masking, conhecido em português como camuflagem social e evidenciado principalmente no mundo do TEA (Transtorno do Espectro Autista), é, de forma simplificada, o fenômeno de esconder, mascarar e/ou camuflar comportamentos comuns da neurodivergência, como por exemplo a dificuldade em fazer contato visual e estereotipias (presença de comportamentos repetitivos, também conhecido como stim), para melhor adaptação aos contextos sociais.

De acordo com a matéria da Associação Autismo e Realidade, “Camuflagem social x diagnóstico de TEA no público feminino”, o masking ganha mais força na adolescência com a demanda popular e em pessoas AFAB (pessoas designadas mulheres ao nascerem), o que dificulta seus diagnósticos.

Segundo o artigo da Academia do Autismo, “Masking no Autismo –  o que é?”, há três categorias de estratégias utilizadas para mascarar o autismo, todas levantadas através do CAT-Q (Questionário de camuflagem de traço autista elaborado e comprovado no exterior, estudo desenvolvido por Laura Hull e companhia em 2019) para investigar o grau em que uma pessoa se utiliza delas:

  • Compensação: estratégia cujo objetivo é compensar a dificuldade social;
  • Mascaramento: estratégia para ocultar as próprias características (no caso citado, para não parecer autista);
  • Assimilação: estratégia para a cópia e aprendizado dos comportamentos neurotípicos e a tentativa de se encaixar coletivamente.

Apesar da camuflagem social ser utilizada também por pessoas neurotípicas, de acordo com ambientes e situações distintos seguindo suas respectivas regras e convenções, para neurodivergentes, precisar recorrer ao masking é estar negando sua própria identidade. Monitorar constantemente sua conduta, alterar voz, postura, modo de vestir, copiar gestos e expressões podem ser desgastantes, trazendo à aplicação do masking várias consequências negativas aos autistas em questão, como estresse e exaustão, problemas físicos e mentais, e apresentação de quadros já com comorbidades devido aos diagnósticos tardios.

Além disso, é comum que as pessoas neurodivergentes não percebam o próprio masking, pois, sendo um mecanismo de defesa desenvolvido desde a infância, há uma mescla com seus próprios comportamentos, o que, além dos efeitos palpáveis citados anteriormente, pode dificultar até mesmo que descubram sua própria personalidade.

O masking é uma consequência direta do julgamento e exclusão direcionada a pessoas diferentes, que não possuem liberdade para serem quem são. A compreensão dos comportamentos neurodivergentes e seus motivos é essencial para que essas pessoas possam se libertar das amarras que as forçam a se enquadrar em um mundo neurotípico.


Referências: