Neurodivergência e Relacionamentos

Quando um relacionamento com ume neurodivergente, romântico ou não, é mencionado, o ponto de vista em evidência é sempre o de pessoas neurotípicas. A visão neurotípica sobre alguém neurodivergente é, na maioria das vezes, egoísta ― ela sempre presa por enaltecer seu “sofrimento” ao lidar com a neurodivergência de su próxime, sem considerar a vivência neurodivergente sobre essa relação.

Relatos de familiares, namorades e até amigues, colocando-se como vencedories, fortes e resilientes são comuns. Muito pouco é pensado sobre a maneira como atitudes deste tipo mais contribuem com os estigmas em relação a neurodivergências do que leva à aceitação.

Um bom exemplo disso é a constante infantilização de pessoas neurodivergentes ou a visão de que elas sempre serão inocentes, mesmo quando adultas. É habitual ver que o tratamento direcionado a elas as transforma sempre na parte frágil deste elo, que não responde por si e nem pode tomar suas próprias decisões, sejam básicas ou importantes. Sus parceires e familiares são sempre vistes como sus cuidadories e responsáveis. Esse e demais preconceitos afastam pessoas neurodivergentes do que poderia as levar a descobrir e construir as expressões de suas próprias sexualidades, romanticidades e gênero.

Outro aspecto que atrapalha relações com neurodivergentes é a busca constante por afastar-lhes da própria neurodivergência para se tornar “normal” e, portanto, próprie para ser amade. Os esforços para se informar e ter empatia pela maneira com que outrem experiencia e vive o mundo, fora da caixa neurotípica, são menos do que o mínimo ou nenhum.

Uma pessoa neurotípica deve se informar sobre as características e maneiras específicas ― ou não ― de se portar em diferentes situações ao lado da pessoa neuroatípica. Isso não significa que, da noite para o dia, ume neurotípique precisa ser expert a respeito da neurodivergência de su parceire, mas sim, perguntar e compreender as respostas. Estar em um relacionamento com uma pessoa neurodivergente não significa complicação, mas sim exige que se compreenda como pequenas ações podem contribuir positivamente no dia-a-dia dela.

Casos como esses, em que uma pessoa neurotípica não sabe se portar em uma relação com uma pessoa neurodivergente, no entanto, não significa que a solução é um relacionamento neurocentrado — entre pessoas neurodivergentes. Este segundo tipo, definitivamente, abriga uma chance maior de compreensão e liberdade entre ês envolvides, mas isso não é uma regra. Parceires neuroatípiques — especialmente aquelus que possuem as neurodivergências — tendem a se compreender e envolver de maneira mais leve, mas no fim tudo depende da pessoa. Independente de ser neurotípique ou neuroatípique, o importante é buscar compreender su parceire, não se esquecendo de sua individualidade.


Referências: