Magnus Hirschfeld foi um médico polonês/alemão que é reconhecido como o pai da sexologia moderna. Além de ter contribuído com avanços médicos na saúde de pessoas LGBTQ+, também propôs ideias revolucionárias para a época, como a naturalização da homossexualidade.
Magnus nasceu em 14 de maio de 1868, na região da Pomerânia, na época pertencente à Alemanha (hoje à Polônia), por seus pais Hermann Hirschfeld e Friederike Mann Hirschfeld, de origem judaica. Seus pais tiveram 10 ou 11 filhos, mas apenas 7 chegaram à vida adulta. Seu pai era médico e seus dois irmãos mais velhos seguiram no mesmo caminho. Magnus passou períodos estudando filosofia, mas optou também pela medicina por motivos práticos. Já no começo de sua carreira, Magnus se tornou uma figura polêmica, por práticas pseudocientíficas. Outros fatores, além de suas práticas medicinais, tornaram-o uma figura polêmica: o fato de ser de origem judaica, embora o mesmo renunciasse a religião; e o fato de ser homossexual, ou pelo menos, abertamente defender os direitos LGBTQ+.
Provavelmente durante a gravação do filme “Diferente dos outros” (1919), escrito e produzido por Hirschfeld e Reinhold Schünzel, Magnus conheceu Karl Giese, que seria seu parceiro até o fim de sua vida. Nos seus anos finais, Magnus também se envolve com um jovem chinês chamado Li Shiu Tong. Através de suas experiências pessoais e o contato com outras pessoas LGBTQs, ele inicia seu trabalho com esses grupos minoritários, embora não gostasse de ser definido como homossexual e ter sua sexualidade como tópico de discussão. Em 1919, ele funda o Instituto de Ciência Sexual, servindo para estudos e também como local seguro para minorias sexuais e de gênero.
Ele e seu instituto, dentre outros feitos, defendiam os direitos de tais minorias e proviam moradia e emprego para esses indivíduos. Para pessoas trans, eram disponibilizados inícios de cirurgias de afirmação e tratamentos hormonais. Mas nem tudo era perfeito. Muitas vezes os serviços ofertados e os trabalhos de Magnus perpetuavam estereótipos de gênero, heteronormatividade, puritanismo e classicismo, especialmente para os pacientes/residentes transexuais, além de ideias que flertavam com o eugenismo e o radical feminismo.
Em 1930, o Instituto foi destruído por nazistas, juntamente de muitos de seus trabalhos. Alguns membros da família de Magnus também foram mortos ou morreram em campos de concentração. Magnus consegue se ausentar, embora não seja explícito se ele sabia que não retornaria para a Alemanha, antes da destruição de seu Instituto, e se exila. Ele morre na França de ataque cardíaco, com 67 anos. Embora controverso, Magnus Hirschfeld deixa uma rica herança de luta e organização de pessoas LGBTQ+, com o propósito de melhorar suas vidas tanto em aspectos de saúde quanto sociais.
Referências
- Magnus Hirschfeld: The origins of the gay liberation movement. Ralf Dose.
- The Hirschfeld Archives: Violence, death and modern queer culture. Heike Bauer.
- Magnus Hirschfeld, his biographies and the possibilities and boundaries of ‘biography’ as ‘doing history’. Toni Brennan & Peter Hegarty.
Ficha técnica
Escrita: Bibiana Christofari Hotta
Revisão: Lara Moreno