Jesse Lisboa é uma pessoa não-binária, estudante de ciências sociais, militante pela Unidade Popular e se dedica à escrita da poesia desde 2017.
“Acredito que a poesia tem o poder de [trans]cender as limitações do sistema, colaborando para que todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas.” — Jesse Lisboa
Quando você começou a escrever poesia?
Acredito que meu primeiro poema foi escrito em 2017, pelo menos é o primeiro que eu tenha recordação. O título é “setembro”. Escrevi num momento atípico da minha vida, mas creio que consegui expressar totalmente o que eu sentia nos versos.
Quais são suas principais inspirações para escrever?
Esse é um assunto bem complexo pra mim, pois não sei se tenho uma inspiração quando escrevo. Geralmente é uma coisa bem espontânea. Mas posso dizer que em alguns poemas eu me baseei em algumas obras da literatura russa, como os contos “Noites Brancas” e “Memória do Subsolo”, do Dostoiévski. Em poesia, gosto de alguns livros do Bukowski e já serviram de inspiração diversas vezes para mim. “O amor é um cão dos diabos” é um dos livros de poesia que já me inspirou a escrever.
Você tem algum poema autoral favorito?
Talvez o primeiro que eu escrevi, o “setembro”. Escrevi há bastante tempo mas ainda possuo uma identificação muito forte, mesmo que sejam versos simples.
Como você vê o papel da poesia na sociedade atual?
Acredito que a poesia tem o poder de [trans]cender as limitações do sistema, colaborando para que todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas. Ela nos convida a olhar além das métricas e das expectativas impostas pelo modo de produção capitalista, resgatando nossa conexão com as emoções, a natureza e as experiências humanas singulares.
O que você espera que os leitores tirem de sua poesia?
Que não tentem entender além do que está escrito. Minha poesia não tem um significado extraordinário. Ela se explica por si mesma, não quer ser nada além do que já é.
Pode nos contar um pouco do seu projeto atual?
É um conjunto de poemas, separado por três capítulos. Nesse projeto, busquei voltar um pouco nas minhas inspirações, lembrando do que escrevia antes e tentei contar uma história (ou algumas) através da poesia.
O primeiro capítulo, intitulado “Recife, 2023” narra mais o cotidiano e um pouco da ideia de marginalização do indivíduo.
O segundo capítulo se chama “e os outros?”, conta com poemas mais expressivos e de desabafo, além de uma tentativa de crônica no fim do capítulo.
O terceiro e último, chamado “diário” é voltado para uma poesia mais contemplativa do próprio eu lírico, como uma experiência de autoconhecimento.
Você tem algum conselho para aspirantes a poetas?
Não escrevam mais do que possam, mas se permitam estar vulneráveis pra escrever sobre si.