Allonormatividade é a crença de que todas as pessoas, em seus processos de socialização, são capazes de experimentar atração sexual. O termo “allonormatividade” deriva da palavra allosexual, termo cunhado pela Comunidade Assexual para descrever pessoas que não são assexuais.
A allonormatividade se comporta como uma estrutura opressora, uma vez que se apresenta como uma visão de mundo que torna a experiência sexual como uma lógica normativa. Essa estrutura se liga a outras lógicas opressivas como suporte, construindo ideias que forçam a sexualidade compulsória. Não exatamente uma sexualidade específica, como no fenômeno da “heterossexualidade compulsória”, mas atrações sexuais em geral.
Essa crença faz parte da ideologia dominante que performa sua dominação a partir dessas lógicas opressoras. Junto à allonormatividade, a amatonormatividade (crença de que qualquer pessoa sente atração romântica e/ou deseja relacionamentos românticos) também se faz presente nesse sentido, já que desempenham o pensamento dominante.
A allonormatividade e a amatonormatividade fazem parte de uma estrutura em torno de pessoas allosexuais e allorromânticas, isto é, uma estrutura que inclui somente essas pessoas. Entende-se que a amatonormatividade compreende os estereótipos acerca dos relacionamentos, mas não apenas em relação às pessoas arromânticas, uma vez que afeta desde pessoas solteiras que não possuem interesse em namorar, casar, ter filhes, até pessoas não-monogâmicas e relacionamentos poliamorosos. Esse sistema determina que a assexualidade e a arromanticidade são um problema, visto que fogem dessa normatização, e menosprezam qualquer pessoa que não se encaixe na ideia socialmente esperada nos relacionamentos.
A discriminação contra pessoasassexuais e arromânticas é a aroacefobia. Como essas estruturas estão interligadas, de modo que não é possível analisar essas normatividades como fenômenos individuais, a discriminação contra uma performance individual — contra a assexualidade ou a arromanticidade individualmente — é menos comum, visto que a lógica dominante é pautada na invalidação geral dessas práticas.
A allonormatividade se comporta diretamente como acefobia e, por meio dessas estruturas de ligação, compreende também a arofobia. Não é possível analisar, pensar e estudar esses fenômenos individualmente, sem levar em consideração sua conexão indissociável com outros fenômenos de normatização social que levam à discriminação de pessoas que fogem desse padrão. Sendo assim, essa marginalização não ocorre de maneira separada uma da outra, portanto, essa normativização deve ser compreendida pelo seu comportamento sociocultural, indissolúvel com as manifestações condicionadas por elas.