Neurodiversidade e Acessibilidade em Contexto de Vestibular

Os vestibulares hoje são a forma mais comum para o ingresso em universidades, sendo o Enem o maior do Brasil. A rigidez destas provas em questão de horário de entrada, tempo máximo de permanência e materiais permitidos é de conhecimento geral, mas o que pouca gente sabe é o quanto estas regras, ainda que importantes, podem ser prejudiciais para alunes neurodivergentes.

Estas provas foram projetadas pensando na população neurotípica, com regras e normas que a favorece em detrimento das pessoas neurodivergentes, que podem sofrer, por exemplo, uma sobrecarga por estarem numa sala lotada, ou ainda atrapalhar outres candidates ao fazer algum stim.

O decreto número 3.298, de 20 de dezembro de 1999, em seu artigo 27, garante a acessibilidade em vestibulares para qualquer pessoa com deficiência (PcD) que faça o requerimento durante as inscrições, assegurando adaptações para promover maior igualdade entre ês candidates.

Além disso, a maior parte dos vestibulares, assim como o Enem, garante a acessibilidade para pessoas idosas, grávidas ou lactantes, e também neurodivergentes, como quem é autista ou tem TDAH, dislexia, discalculia, entre outras.

As adaptações para pessoas neurodivergentes podem variar desde tempo adicional para a realização da prova e uma sala separada até o auxílio de ume “ledore” para ler a prova, dependendo do requerimento feito na hora da inscrição, e só serão realizadas mediante apresentação de um laudo que segue o modelo proposto por cada comissão avaliativa, assinado por ume médique especialista na área com CRM válido.

É importante ressaltar que estas adaptações não servem como vantagem para a pessoa neurodivergente, mas como uma forma de equiparar as condições de prova às de uma pessoa neurotípica, já que neurodivergentes podem sofrer com comorbidades como disfunção executiva, sensibilidade auditiva, falta de atenção etc que atrapalham — e muito — ao realizar uma prova. Ainda, apesar das adaptações serem importantíssimas, é de interesse geral reconsiderar o modelo atual do vestibular como um todo, o que ajudaria não só pessoas neurodivergentes com diagnóstico, mas também pessoas sem diagnóstico formal e pessoas neurotípicas.


Referências


Ficha técnica

Escrita: Anna Helena Silvestre Di Iório
Revisão: Lívia Figueiredo e Viktor Bernardo Pinheiro