O senso de comunidade é muito importante para grupos marginalizados, especialmente para pessoas LGBTQ+, pois são ês afastades das comunidades primárias que fazem parte — como a família. Com frequência, enfrentam rejeição familiar em razão de sua identidade de gênero ou orientação sexual, levando à construção de redes alternativas de apoio e afeto. Quando se fala da comunidade aroace — composta por pessoas que se identificam como assexuais, arromânticas ou ambos —, esse tópico se torna ainda mais sensível, visto que ainda enfrentam estigmatização e exclusão, inclusive na própria comunidade e em instituições voltadas ao público LGBTQ+.
Considerando isso, é essencial que haja espaços inclusivos voltados para pessoas dessa comunidade. As experiências de pessoas arromânticas e assexuais muitas vezes se conectam, de forma que esses espaços permitem que as pessoas da comunidade encontrem reconhecimento, aceitação e informações sobre o processo de autoconhecimento. Assim, uma vez que a sociedade se organiza de forma amatonormativa e allonormativa, que espera uma certa performance romântica e sexual “ideal”, é extremamente relevante, para as pessoas em processo de descoberta, se conectar com pessoas que tiveram experiências parecidas com as suas.
Como é possível encontrar e construir comunidades de apoio?
Para muitas comunidades marginalizadas, o maior meio de conexão entre pessoas é através da internet. Na comunidade aroace, isso não é diferente. Um dos maiores fóruns com o tema é o site The Asexual Visibility & Education Network (AVEN), que reúne diversos conteúdos sobre assexualidade e arromanticidade.
Muitos espaços on-line, em redes sociais como o Twitter, o Reddit e até mesmo o Tumblr, possuem a possibilidade de criar suas próprias comunidades. Nelas, todes podem compartilhar experiências pessoais, dúvidas ou até mesmo conversas casuais sobre tópicos que se relacionem à assexualidade e/ou à arromanticidade.
Um destaque para algumas comunidades ativas e com diversos membros é: a comunidade The Aros and The Aces no Tumblr; o subreddit r/asexuality; e a Comunidade Internacional Assexual e Arromântica (CIAA) no Twitter — sendo a última formada quase que exclusivamente por brasileiros. Além desses, a LGBTQ+Spacey também conta com um servidor no Discord e um grupo no WhatsApp — cuja solicitação para participar deve ser feita através da DM —, ambos dedicados a acolher e conectar pessoas de todas as identidades da comunidade LGBTQ+.Além das opções de integração on-line, a ida a eventos voltados para a comunidade LGBTQ+ no geral, assim como a participação em clubes e coletivos em espaços como escolas e universidades, pode possibilitar o encontro e a conexão com pessoas do mesmo espectro, garantindo melhor compreensão da própria identidade e trazendo benefícios à saúde psicológica.
Referências
- Lichty, L. F., & Zapata, E. (2024). Who counts? Who gets served? Examining online aromantic and asexual inclusion in queer-serving organizations. Psychology of Sexual Orientation and Gender Diversity. Advance online publication. https://doi.org/10.1037/sgd0000781
- Webster, K. (2022), “A Textual Analysis of Online Asexual Representation and Visibility on Reddit”, Lipschultz, J.H., Freberg, K. and Luttrell, R. (Ed.) The Emerald Handbook of Computer-Mediated Communication and Social Media, Emerald Publishing Limited, Leeds, pp. 177-195. https://doi.org/10.1108/978-1-80071-597-420221011
- Jackson Levin N, Kattari SK, Piellusch EK, Watson E. “We Just Take Care of Each Other”: Navigating ‘Chosen Family’ in the Context of Health, Illness, and the Mutual Provision of Care amongst Queer and Transgender Young Adults. Int J Environ Res Public Health. 2020 Oct 8;17(19):7346. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph17197346
- How Do I make Queer Community?
- Insuficiência Aroace
Ficha técnica
Escrita: Camilly Silva
Leitura crítica: Viktor Bernardo Pinheiro
Revisão: Mariana Correa e Déborah Ramos