Rótulos são termos ou expressões usados para identificar o pertencimento de um indivíduo em um grupo, comunidade ou coletivo. Normalmente, são associados a um recorte social, incluindo, porém não se limitando a, raça, etnia, sexo, gênero, orientação sexual, afetividade, capacidade, classe, posicionamento político, aspectos profissionais e culturais.
Rótulos surgem da necessidade de um indivíduo ou de uma comunidade em definir um termo que expresse sua individualidade e coletividade. Eles podem ser criados por meio de neologismos (como ocorre com os termos pansexual e omnissexual) ou apropriados de termos pré-existentes (como ocorre com os termos queer e travesti).
Quando autointitulado — ou seja, definido pela própria comunidade a qual se refere —, um rótulo serve como um meio de emancipação, libertação e autoconhecimento. Isso porque os rótulos têm a função de definir diferenças e recortar as violências que atravessam a sociedade. Ao redor deles, políticas públicas são estabelecidas para grupos específicos — em especial os mais marginalizados — e pautas são mobilizadas.
Além disso, rótulos garantem o acolhimento de minorias sociais, permitindo que pessoas com um mesmo recorte se encontrem e se apoiem, tanto em suas conquistas quanto em suas dores. Através de rótulos, movimentos sociais, casas de apoio e instituições não-governamentais se organizam para acolher e protestar pelos direitos dessas populações. Entretanto, quando nas mãos de maiorias sociais, podem ser utilizados como meio de segregação e exclusão, carregados de estigmas e estereótipos negativos.
Acima de tudo, rótulos não são ultrapassados, mas uma importante ferramenta de identificação da diversidade humana e denúncia de opressões sociais. Eles exercem um papel fundamental numa sociedade em que a equidade ainda é uma ilusão e apontam a necessidade de repensarmos as estruturas e os privilégios que nos cercam.
E, apesar de sua importância, é necessário evidenciar: a rotulação cabe exclusivamente às decisões e sentimentos do indivíduo. Assim como ninguém tem o direito de cobrar definições da identidade alheia, nenhuma pessoa é obrigada a assumir ou se encaixar em rótulos. A rotulação é uma ferramenta, não um dever. Não há problema algum em não se rotular, seja por escolha ou por não se enxergar em nenhum rótulo. Existem diversas formas de lutar por nossos direitos — e a rotulação não é a única delas.