Afeto na Não-Monogamia

O amor e suas relações, na verdade, é uma ideia que foi inventada e moldada ao longo da história pela sociedade. Como foi visto e vivido em tempos passados, ao analisarmos suas diferentes formas, podemos constatar que a noção de amor não era algo fixo, mas sim em constante mudança, influenciada pela cultura e seus povos. 

A monogamia surge primeiramente como meio de proteção de heranças e doutrinas religiosas, apoiando o fato da exclusividade do parceiro pouco tempo depois, com a ideia do amor romântico descrito por romancistas e mais. A monogamia se expande e se adequa ao que já existia e a novas regras de relações, inconscientes ou não. Muitas delas gerando inseguranças, como o ciúme e a desconfiança.

Podemos distinguir a monogamia como uma hierarquia e o sexo como símbolo dela, porque embora haja outros amores e amantes, o casal é posto em primeiro lugar socialmente e afetivamente. Embora seu conceito tenha mudado conforme o tempo, e a possibilidade de separação hoje seja uma realidade, o casal ainda está dentro da estrutura dual, sendo um alvo de maior afeto e prioridade o outro individual. 

A não-monogamia se apresenta como uma oposição, a negação do projeto dual e de regras pré-estabelecidas. Entendida não como forma de hierarquização, mas como possibilidade. 

Prezando a honestidade, a autonomia e principalmente a liberdade nas relações, a visão da pessoa não dual traz consigo a perspectiva da possibilidade de diferentes afetos, entendendo que cada pessoa é única e a responsabilidade afetiva também, preservando sua identidade e as várias formas de relações. A forma dos relacionamentos e suas construções saudáveis, seja amorosa ou não, é acima de tudo sobre reconhecer seu valor individual, sem competição com o outro, e entender suas independências. 


Referências: