Luana Muniz

Conhecida por gritar “Travesti não é bagunça!”, enquanto uma travesti bate num possível cliente, em algum lugar da Lapa durante a transmissão do “Profissão Repórter” em 2010,  Luana Muniz (ou Luana da Lapa) foi uma travesti conhecida no Rio de Janeiro.

A idade com a qual Luana começou a “se prostituir” (usando suas próprias palavras) não é exata, às vezes ela diz que começou aos 9 anos, às vezes, aos 10 anos. Trata-se de uma questão complexa, mas o que se sabe é que ela era uma criança, o que atualmente seria configurado como pedofilia e abuso sexual. Luana, de fato, era abusada, mas tenta ressignificar esse fato. Nos documentários, o fato de ela “se prostituir” desde a infância é dito com naturalidade, sem problematizações.

Ela saiu de casa na adolescência para se prostituir, modificou seu corpo ao longo da década de 1970, durante a ditadura, e aos 20 se mudou para a Europa, trabalhando em diversos lugares. Possui cidadania brasileira, italiana e portuguesa.

Quando voltou ao Brasil, em 2002, Luana se reuniu com outras travestis fundou a Associação dos Profissionais do Sexo do Gênero Travesti, Transexuais e Transformistas do Rio de Janeiro, porque observou que elas não tinham voz, eram “tratadas como marginais ou coitadinhas”. 

Luana também criou e administrou um casarão na Lapa, que hospedava travestis. No entanto, mais do que simplesmente hospedaria, ela ensinava as meninas a se comportar, o que era certo e errado, e oferecia proteção na rua, e por isso foi apelidada de Mãe pelas meninas que hospedava. 

Ela dizia que reuniu as pessoas para não ter de lidar com as dores sozinha. Ela diz ainda que as pessoas pagam para morar em seus quartos, mas que jamais colocaria alguém doente para fora. Ela era uma das fundadoras do projeto Damas da Prefeitura, que capacita travestis e transexuais para o mercado de trabalho. 

Luana morreu em 2017, aos 56 anos, devido a uma pneumonia, e se tornou uma Lenda do Rio de Janeiro. Os seus esforços para dignificar as travestis não podem ser medidos. Após a sua morte, foi homenageada pelo Schwules Museum, na Alemanha, além de ser retratada pelo documentário “Luana Muniz – Filha da Lua”.