Spacey Indica – Lori Amethista

Lori Amethista é escritor, não-binário e aroace, e busca sempre trazer representatividade em sua escrita.

Ele é branco com o cabelo castanho escuro repartido para a direita. Usa uma roupa toda preta, sendo uma camiseta, uma luva arrastão e uma choker, e possui uma tatuagem de coração no colo do peito. Encara a direita de rabo de olho e apoia a mão no rosto, usando um delineado e um batom marrom.

“Águas de Esperança, por exemplo, eu trabalho muito a temática da autodescoberta e da sensação de isolamento, a parte solitária que muites passamos.”
— Lori Amethista

Primeiramente, quem é Lori Amethista?

Olá! Meu nome é Lori, assino com alguns nomes por aí, sendo Lori A. para textos de não ficção e L. Amethista para histórias de ficção. Sou uma pessoa aroace e agênero de 21 anos e uso todos os pronomes. Sou estudante de psicologia na UERJ, tendo uma paixão especial por história da psicologia (e por isso também estou sempre pesquisando de forma autônoma sobre a história da assexualidade) e faço parte do coletivo Aroaceiros e da Rede de estudantes trans e travestis da UERJ. Quando me sobra tempo livre, escrevo livros com representatividade LGBTQIA+, dando atenção especial para a letrinha A, ainda tão subrepresentada.

Seus contos sempre tem representatividade ace ou aro. Isso é algo que você faz conscientemente ou é algo que você escreve por ser a sua vivência?

Um pouco dos dois, provavelmente. Hoje em dia eu acho curioso olhar para outras histórias que escrevi no passado e perceber que aqueles personagens poderiam ser facilmente descritos como aro e/ou ace, pela vivência mesmo. Mas, atualmente, eu diria que faço isso bem conscientemente mesmo. Geralmente, antes mesmo de começar o conto, penso o que eu quero trabalhar naquela história, quais aspectos da vivência eu quero dar enfoque e qual reflexão eu quero levantar no leitor. Águas de Esperança, por exemplo, eu trabalho muito a temática da autodescoberta e da sensação de isolamento, a parte solitária que muites passamos. Já em Festa de Halloween, eu quis abordar a questão da relação de pessoas ace com as práticas e conteúdos sexuais e a possibilidades de fluidez da vivência.

Você lançou na última semana ace, em 29 de outubro, o “Festa De Halloween”. Sobre o que é esse conto?

Festa de Halloween, como eu falei anteriormente, é uma história na qual eu quis abordar essa questão da assexualidade em relação com o sexo em si. O enredo em si consiste em Ange, um jovem ace estrito que não sabe bem como se sente em relação a sexo e relacionamentos, até que encontra um caderno de seu melhor amigo de infância, Ruby, e descobre que ele anda escrevendo fanfics, algumas delas eróticas, sobre ambos. Diante disso, Ange tem cerca de 1 mês para descobrir como lidar com essa situação, pois inevitavelmente encontrará Ruby na Festa de Halloween. Ambos os personagens são arromanticos e não binários também e Ruby é intersexo, apesar desses pontos não serem centrais acho importante falar sobre, pois são elementos importantes pra história, principalmente no que diz respeito a reflexões sobre o corpo e ao olhar sobre esses corpos.

O “Festa de Halloween” foi pra coletânea Espectros de Roxo e Cinza, que são contos sobre assexualidade. Mas você também participou da coletânea Fantasiaro. Qual foi o seu conto?

Em FantasiAro escrevi o conto Águas de Esperança! Esse tem uma pegada totalmente diferente de Festa de Halloween, é uma história de fantasia bem metáforica com uma sereia e um pirata, ambos aroace e ambos vivenciando situações bem parecidas mas ainda assim totalmente diferentes. A sereia vive em uma sociedade familiar bem fechada, uma bolha mesmo, e composta apenas por sereias canibais que seguem tradições e regras bem estabelecidas, mas que ela não consegue seguir. Em nenhum momento é dito evidentemente que essa sereia é aroace e que as outras sereias são allo, mas o que eu queria era justamente pegar a sensação de se sentir deslocado de uma norma que o tempo todo as pessoas estão nos cobrando de seguir. Já o pirata, vive nessa mesma situação de pressão social, só que em relação as cobranças da masculinidade sobre as pessoas AMAB aroace. Tenho um carinho imenso por esse conto e muito orgulho de ter escrito ele. Não foi fácil o processo, mas pelos feedbacks que tenho a mensagem de esperança foi passada e é isso que importa!

Você costumava fazer resenhas de livros. Você ainda faz ou focou mais na escrita autoral?

Acabei deixando de lado o instagram literário que eu tinha, mas não foi para focar mais na escrita autoral rsrs Ainda escrevo resenhas de quase todos os livros que leio na Amazon e as vezes no Skoob também, mas não tenho mais tempo hábil para administrar um bookgram e lidar com todos os estresses que envolvem os algoritmos das redes sociais e como os conteúdos nem sempre são entregues. No fim, ficava muito desgastada e frustrada, o que me desmotivava a seguir com a conta. As vezes me dá vontade de voltar, pois tive muitas trocas interessantes por lá, mas a faculdade também tem me impedido até de escrever ultimamente.

Você está escrevendo algo atualmente?

No momento estou apenas pensando em uma ideia específica relacionada a um romance que comecei em 2020 e nunca terminei. Por conta da faculdade, não tenho muito tempo pra escrever, então quando estou em aula geralmente fico apenas pensando e planejando na cabeça e em algumas anotações a história que eu quero escrever nas próximas férias ou no próximo feriadão que vier. Mas posso adiantar que, se eu realmente voltar a essa história que estava na gaveta, vem aí uma fantasia urbana de sáficas contra a instituição familiar.


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