A sociedade impõe padrões em nossa mente desde o primeiro respirar. Nos leva a seguir determinados modelos, a ser, agir, se identificar com o que ela diz e manda. Um exemplo disto é que devemos aceitar o gênero que nos é imposto.
O gênero tem a função de classificar e diferenciar pessoas. Não se trata de um dado da natureza, mas uma construção social. A nossa sociedade, impõe o sistema Genero-Sexo, que determina o gênero das pessoas baseado no ”sexo” — O conceito de sexo biológico, no entanto, é erroneamente propagado, sendo algo envolve cromossomos, gônadas e outros fatores da biologia.
A partir dessa imposição, decide-se a forma a qual a criança será criada”. Quais cores e quais tipos de roupa vão usar, os brinquedos a ganhar no aniversário, entre outras pequenas escolhas feitas pelos pais, que moldam o comportamento e a identidade da criança. Trata-se, então, de diferenças que, ao contrário do que se acredita, não são naturais, mas de socialização.
Uma das formas mais fáceis de se entender gênero é pensar em suas mudanças através dos tempos e das culturas. Por exemplo, os homens no período elisabetano usavam tanta maquiagem quanto as mulheres, enquanto hoje os que usam maquiagem são vistos como afeminados.
A mudança não foi biológica, e os homens pararam de usar maquiagem por conta da evolução ou algo do tipo. Homens ainda podem usar maquiagem, mas o que mudou foi a forma com a qual a sociedade os vê. O que mudou foi a construção social do gênero através dos tempos.
No entanto, nem todas as pessoas se identificam com o gênero que lhes foi designado ao nascimento, seja de forma completa ou parcial. Assim, essas pessoas são denominadas transgênero.
Termos Antigos
O prefixo trans junto da palavra gênero é uma nomenclatura recente, aderida porque o termo anterior, transsexual, trazia duas ideias erradas: a primeira, de que orientação sexual e identidade de gênero são a mesma coisa; e a segunda, de que uma pessoa trans necessariamente iria passar por determinados procedimentos e cirurgias.
A utilização do termo transsexual, no entanto, não foi erradicada, porém ele é utilizado principalmente por pessoas trans que se descobriram antes da mudança do termo e que possuem tal costume. Não é correto utilizá-lo, no entanto, em alguns casos como a menção apenas a pessoas trans que já realizaram algum tipo de cirurgia ou hormonização.
Hoje, compreende-se que a transgeneridade fala sobre uma identificação e que as experiências são diversas. Existem tantas formas corretas de ser trans, quanto existem pessoas trans. Elas podem trocar de nome, de pronomes, passar por cirurgias, realizar tratamento hormonal, possuir disforia — incômodo, físico ou social, relacionado ao seu gênero; ou não.
Terceiro Gênero
Outro conceito incorreto acerca da transgeneridade é o dito “sexo oposto”. É possível ouvir-se falar que uma pessoa trans é aquela que se identifica com o sexo oposto. Nesta frase, há algumas problemáticas.
Primeiramente, a comunidade trans é ampla, e nem todas as pessoas trans se identificam como homem ou mulher — binários, dentro do conceito de gênero patriarcal — , havendo assim a comunidade não-binária, que está inserida no conceito de trans.
Além disso, como já mencionado, o conceito de sexo em si vai muito além de uma simples genitália, o que resulta na ideia de sexo oposto infiel à realidade e completamente ignorante à existência de pessoas intersexo, criando uma falsa binariedade.
Assim, o principal dos erros na frase é que o fato de sexo não ser aquilo que a sociedade prega ser, significa que não existe propriamente um sexo — gênero — oposto, apenas diferente.
Outro erro é dizer que pessoas trans são pessoas que “nasceram no corpo errado”. Essa ideia é ultrapassada, hoje se entende que transgeneridade não se tratade disforia corporal, mas de identificação, como dito anteriormente, podendo ou não envolver cirurgias e tratamentos. Pessoas trans nascem no corpo certo, mas a sociedade as coloca na caixa errada.
Uma pessoa pode, por exemplo, ser designada como do gênero feminino ao nascer, mas se identificar com o gênero masculino e sentir conforto com seus seios, que seriam considerados femininos por algumas pessoas. Isso acontece não só porque a idéia de gênero é abstrata, mas principalmente porque pessoas trans não precisam se parecer com pessoas cis para serem de determinado gênero.
A bandeira do orgulho transgênero foi criada em 1999 por Monica Helms. As faixas azuis representam a cor tradicionalmente considerada masculina, as faixas rosas representam a cor tradicionalmente feminina, e a faixa branca representa pessoas em transição, pessoas intersexo, e pessoas não-binárias.