A epidemia de Aids, que teve início há mais de 40 anos, permanece como uma das mais devastadoras da história, impactando milhões de vidas e deixando marcas profundas que nunca pararam de ser sentidas dentro das comunidades afetadas. Em 5 de junho de 1981, um discreto relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA indicava casos de pneumonia fúngica rara em Los Angeles, prenunciando uma crise que se espalharia rapidamente. Anthony Fauci, uma das principais vozes médicas da época, relembra os primeiros relatos com assombro: “Senti arrepios na espinha. Só podia ser uma doença nova.”. A doença, inicialmente cercada de amplo desconhecimento, não só estigmatizou homens gays como também impôs um fardo imenso de medo e preconceito.
Os estigmas sobre transtornos de personalidade
Os Transtornos de Personalidade (TP) são transtornos mentais cujas características que causam prejuízo e/ou sofrimento são relativamente estáveis ao longo do tempo, podendo-se considerá-las traços de personalidade. Alguns desses transtornos são retratados com bastante frequência na mídia ou nomeados em conversas casuais, como o transtorno Narcisista, Borderline e os chamados “Psicopatas”. Essas retratações nem sempre são fiéis a como o transtorno se apresenta de verdade, e muitas vezes enfatizam certas características que causam preconceito contra pessoas que convivem com esses transtornos, criando estigmas.
Como a genética pode afetar a transição hormonal
Para começar, a variabilidade genética afeta nossa sensibilidade e resposta a hormônios como estrogênio e testosterona, que são os pilares das terapias hormonais para transição. Por exemplo, certos genes regulam a forma como nossos tecidos e células reconhecem esses hormônios. Variantes nesses genes podem fazer com que algumas pessoas tenham uma resposta mais intensa aos hormônios, enquanto outras podem precisar de doses maiores ou menores para alcançar as mudanças desejadas. Assim, enquanto alguns podem notar mudanças físicas rapidamente, outros podem ter um processo mais gradual.
Direitos de pessoas intersexo
Intersexo é um termo guarda-chuva para um espectro de condições de nascença relacionadas a anormalidades sexuais, ou seja, características sexuais que não podem ser encaixadas nos moldes de “feminino” ou “masculino”. Note que “sexuais” refere-se a características do corpo do indivíduo e não sua sexualidade, ou atos sexuais. Um exemplo é o nadador brasileiro Pedro Spajari, portador da síndrome de Klinefelter, onde um homem possui cromossomos XXY, ao invés do normativo, XY. Esse X a mais pode ter vários efeitos, como a diminuição do nível de testosterona e baixa imunidade. Pessoas intersexo geralmente enfrentam, devido a suas condições, preconceito e danos. Há diferentes estimativas sobre o número de pessoas intersexo, algumas apontando que seriam 1 a cada 100.
Como a transfobia afeta pessoas racializadas?
Com base na compreensão da interseccionalidade, entende-se que o racismo não é a única opressão que acomete uma comunidade racializada — aquelas formadas por pessoas negras, indígenas, asiáticas ou marrons. A diversidade de identidades encontradas num grupo que se une a partir de uma mesma raça/etnia resulta em vivências de opressão diferenciadas e bastante específicas, como, por exemplo, no que diz respeito às pessoas trans racializadas.