O dia do orgulho autista, 18 de junho, cai exatamente 10 dias antes do dia do orgulho lgbt+. O que, apesar de coincidência, faz muito sentido.
Agradecemos à galera do grupo Shorties por terem ajudado e avaliado o texto!
Pessoas autistas possuem uma perspectiva diferente acerca de diversas coisas, e rótulos sociais é uma delas. Por isso, quando se fala sobre a comunidade autista e a comunidade lgbtq+, não é difícil reconhecer que autistas são mais prováveis a se identificarem enquanto alguém cuja identidade de gênero ou orientação romântica e sexual se difere da norma social.
As dificuldades das pessoas que se encontram nestas duas comunidades, no entanto, triplicam. Ser autista lgbt+ é ter sua identidade questionada, invalidada e negada constantemente, inclusive pelos profissionais da saúde mental que deveriam acolher essas pessoas. Não à toa, os índices de depressão e suicídio nas duas minorias é cerca de 3 vezes mais alto que no restante da população.
Diversas concepções equivocadas acerca de pessoas neurodivergentes levam muitas pessoas à dificuldade de entender e aceitar que pessoas com deficiência têm o direito de expressar seus gêneros e sexualidades, como por exemplo a ideia capacitista de que PCDs são seres puros e sua infantilização. A implicação de que autistas não possuem capacidade de se reconhecerem enquanto parte da comunidade lgbt+ é um grande exemplo do capacitismo somado à lgbtfobia.
Estudos têm mostrado uma significativa porcentagem de pessoas LGBT+ dentro da comunidade autista, mas ainda existem poucas pesquisas e discussões acerca disso. Dados apontam que a porcentagem de autistas trans é cerca de 10 vezes mais frequente que na população alista (não-autista).
Apesar disso, uma coisa não se pode negar: autistas lgbts existem, estão presentes e têm todo o direito de ser, falar e sentir. E isso é lindo.