Erroneamente confundida com celibatarismo, abstinência sexual e até mesmo desordem, a assexualidade é uma reação de base química e hormonal tal qual qualquer outra orientação. De forma simples, é sobre uma resposta neurológica que implica em uma reação do seu corpo em relação a outra pessoa, diferente dos exemplos anteriormente citados, que são opções.
Apesar de ser assexual não tornar a sua vida propriamente melhor ou pior, assexuais encaram uma série de necessidades e desafios, diferente de allossexuais (não-assexuais), que são socialmente aceitos e tendem a não passar por determinadas situações.
Atração Sexual
Para entender a assexualidade, é necessário antes compreender a existência de tipos de atração e a diferença entre eles.
Partindo do pensamento que você leu a postagem recomendada e compreendeu que a atração é um desejo direcionado a alguém, trabalharemos um pouco mais a atração sexual.
Dividimos as atrações em dois grandes grupos: física e emocional, podendo elas se manifestarem sozinhas ou em grupo. A atração sexual encontra-se presente no grupo das atrações físicas, e de forma simples a sua manifestação pode vir ou fortalecer-se por conta de roupas, voz, comportamento, aparência, dentre outras qualidades físicas, podendo ou não coincidir com outras atrações.
É importante lembrar que a atração sexual é diferente de excitação ou líbido, visto que a líbido pode vir a manifestar um desejo sexual sem direcionar a uma pessoa específica.
Simplificando, a atração sexual é o desejo de interagir de forma sexual com uma pessoa específica, essa interação contém, porém não se restringe a toques sexuais, sexo em si e outras formas de prazer sexual.
Definição
Agora que você já compreendeu as atrações, consegue entender que uma pessoa assexual, popularmente conhecida como ace, é aquela pessoa que experiencia a falta total, parcial ou condicional de atração sexual.
Diferente do que você pode supor, a assexualidade não é uma orientação sexual — podendo em alguns casos ser usada como uma —, mas sim um espectro, um conjunto de coisas — no caso da assexualidade, um conjunto de identidades — que revelam a diversidade e imensidão dessa orientação.
Dentro desse espectro assexual, temos a divisão entre assexualidade estrita, que engloba diversas microidentidades que tratam do não sentir atração sexual em quaisquer circunstância, e a área cinza, que engloba a atração sexual limitada ou condicional. Temos orientações como aego, cupio, demi, gray, fray, dello, dentre outras identidades.
A única obrigatoriedade da orientação é sobre a atração sexual de modo divergente ao socialmente esperado, e nada mais. Sendo assim, estereótipos como não possuir líbido, não gostar de sexo e outros não fazem de alguém mais ou menos assexual.
Algumas pessoas assexuais, por exemplo, podem sentir excitação — libido — visto que estes fatores estão ligados a alterações hormonais, como o ciclo menstrual, ereção, masturbação, beijo e etc. Outras são o que chamamos de não-libidinosa. Nenhuma das duas situações têm relação com a assexualidade em si, e ambos os grupos podem ser ace ou allo.
Bandeira e Símbolos
Cada identidade assexual possui uma bandeira distinta, porém alguns símbolos englobam a comunidade ace como um todo.
Começando pela bandeira mais conhecida, que surgiu no verão de 2010 em uma competição promovida pela AVEN (Asexual Visible & Education Network). Ela foi criada pele usuarie Standup e compartilhada no dia 30 de julho de 2010, simbolizando: Preto para assexuais estrita, cinza para a área cinza da assexualidade, branco para allossexuais e roxo representando a comunidade.
Em relação aos símbolos, o mais conhecido é o ás do baralho, visto que popularmente assexuais são chamades de aces, o termo em inglês para a carta.
No baralho assexual, tal qual no comum, temos quatro tipos de ás, cada um com o seu significado, sendo: copas geralmente utilizado por aces allorromantiques, espadas utilizado por aroaces ou de forma geral representando ês aces, ouros é geralmente usado por demissexuais e/ou grayssexuais e o ás de paus também é associado a grayssexuais, entretanto também é usado por aquelus que não sabem em qual identidade estão no espectro.
Outro símbolo bastante popular é o bolo, que vem de uma piada da comunidade “Assexuais preferem bolos do que sexo”. Semelhante à piada do bolo, temos o símbolo do dragão, que, além de ser uma piada com a invisibilidade do espectro ace, é uma referência ao personagem Charlie Weasley, de Harry Potter, que é descrito como “Mais interessado em dragões do que relacionamento e todo o resto”.
Conclusão
Por um bom tempo, o DSM-5 e o ICD-10 consideraram a falta de interesse sexual como uma desordem, tendo uma mudança no nome do diagnóstico diversas vezes.
Atualmente definido como:
- DSM-5 – Desordem de interesse sexual feminino, Desordem de desejo sexual hipoativo masculino.
- ICD-10 – Desordem de desejo sexual hipoativo (HSDD)
Em 2013, o DSM-5 foi publicado, excluindo pessoas que se identificam como assexuais como um critério para o diagnóstico de desordem.
As passagens mostram o quanto o reconhecimento da comunidade ace é novo, e ês assexuais ainda encontram-se em um processo de consolidação como movimento. Por conta disso é importante buscar visibilidade, representação e um crescimento para a comunidade.