Intersexo é o termo usado para se referir a pessoas que possuem características cromossômicas, hormonais, gonadais e sexuais de ambos os sexos. Até o momento, foram identificados mais de 40 estados de intersexo, significando que, por mais que a ambiguidade sexual seja a base da condição, ela é manifestada de várias formas, gerando assim diferentes vivências e experenciações do que é ser uma pessoa intersexo.
A fim de continuar a perpetuação da existência de apenas dois sexos biológicos, isto é, masculino e feminino, pessoas intersexo são comumente expostas a tratamentos de readequação sexual prematuramente e sem saber sobre sua condição. Para os familiares e profissionais, pode parecer que isto é um favor para o indivíduo, mas as intervenções cirúrgicas e medicamentosas provocam a longo prazo mais dúvidas e inseguranças do que as evitam.
Embora algumas questões enfrentadas sejam parecidas, principalmente nos casos de intersexos que passaram por algum tipo de intervenção, existem repercussões diferentes caso a pessoa tenha sido designada e socializada como feminina ou masculina.
No caso de pessoas AMAB (Assigned Male at Birth/Designade Masculino ao Nascer), as dúvidas e a sensação de não pertencimento ao próprio corpo começam ainda na infância (assim como ocorre com muitas outras pessoas intersexo), se agravando na adolescência, com a percepção de um desenvolvimento atípico em relação a outras pessoas identificadas como sendo do sexo masculino, com o ganho de curvas, início da menstruação e ausência de características consideradas masculinas comuns nessa fase da vida, como crescimento de barba, ganho de músculos, etc.
O desconhecimento da condição de intersexo pode levar a pessoa a se identificar com outras identidades LGBT’s, como trans e não-bináries, antes de ter conhecimento sobre a própria interssexualidade, que é comum chegar tardiamente.
É habitual que após a descoberta, especialmente em casos onde houveram realizações de procedimentos cirúrgicos, que permaneça o sentimento de violação do corpo e identidade, pois a visão e as vontades futuras do indivíduo para com seu próprio corpo nem sequer foram levadas em consideração, muitas vezes se aproveitando da falta de conhecimento dos familiares da criança para fazê-los concordar com estas violências.
Pouquíssimos países adotaram medidas de proibição das cirurgias de redesignação sexual em crianças e meios para validar a interssexualidade em registros de nascimento e documentos, um cenário que precisa ser revertido o quanto antes, para que as pessoas intersexo sejam realmente respeitadas e tenham acesso a direitos básicos, mas também para evitar um desenvolvimento marcado por inseguranças e violências.
Referências
- O que é ser Intersexo
- Cirurgias em Bebês e Crianças Intersexo
- Intersexo: O Desafio da Construção da Identidade de Gênero
- “Os Médicos não Sabiam se eu era Menino ou Menina” Como é ser Intersexo?
- Nem Rosa, Nem Azul: Como é ser Pessoa Intersexo no Brasil
- Sou Intersexual, fui Criada como Menino e Realizei o Sonho de Engravidar
- Eu, Intersexual: Dionne Freitas fala sobre como foi nascer com os dois sexos
- Carolina Iara, Intersexo e Candidata: “trago muitas representações em um corpo
Ficha técnica
Escrita: Chenny
Revisão: Lara Moreno
Leitura crítica: