Ser lésbica fala sobre mulheres, pessoas alinhada ao feminino, ao neutro ou de alinhamento nulo que se atraem exclusivamente por pessoas com essas mesmas características.
A homossexualidade foi por muito tempo negada, oprimida e muitas vezes exterminada. A condenação dela é datada desde a ascensão da Igreja católica, em que o cristianismo condenava as práticas sexuais que não visavam a reprodução.
Com as grandes navegações e a criação das colônias europeias, as civilizações desenvolviam-se tendo a Europa como modelo de civilização, o que resultou na criação da heteronormatividade, trazendo a crença de que a heterossexualidade era (e de que é) definitiva e completa.
Somando a heteronorma, o patriarcado — a centralização do poder na mão do homem cis, e o androcentrismo — a supervalorização da masculinidade, temos a criação de uma dita hierarquia de sexo e gênero.
O relacionamento heterossexual formado por homem e mulher cis, ambos heterossexuais e monogâmicos, é colocado como um padrão normativo, pintando outros relacionamentos como depravações, artificiais e muitas vezes como pecaminosos.
Quando se observa o relacionamento lésbico — ou sáfico —, temos uma análise bem mais profunda e distorcida. Veja bem, enquanto a homossexualidade masculina é vista como um inimigo da heterossexualidade, por se tratar justamente da quebra da norma sexual masculina, a homossexualidade feminina é um oposição direta à sexualidade, pois além de quebrar a norma sexual feminina tem-se a expulsão da dominância masculina da relação.
A Lesbianidade é um ato de resistir, de amar, de libertar-se. É uma sexualidade, uma orientação, e em certos casos até mesmo um gênero.
Enquanto identidade, a lesbianidade possui duas principais bandeiras:
Bandeira Labrys: Surgida em 1999, passou a ser mais utilizada a partir de 2000. A labrys dá-se em referência à arma utilizada pelas amazonas. O roxo é associado às poesias de Safo. Acerca do triângulo, apesar de ser utilizado enquanto ressignificação do símbolo utilizado em campos de concentração na alta do nazismo, há controvérsias quanto ao seu uso, visto que a perseguição nazista deu-se majoritariamente contra judeus e romanis e sintis, o que faz o triângulo acabar por ser uma apropriação do símbolo, esvaziando a luta pela sobrevivência ao massacre sofrido pelos povos atingidos. O ideal é não utilizá-lo, optando pela bandeira sem o mesmo.
Bandeira sunset: Surgida em 2017, tem sido levantada como bandeira lésbica oficial (ao lado da Labrys).
Laranja escuro: Não-conformidade de gênero
Laranja: Independência
Laranja claro: Comunidade
Branco: Relacionamentos com a feminilidade (não-masculinidade)
Rosa: Serenidade e paz
Rosa empoeirado: Amor e sexo
Rosa escuro: Femmes
Assim como todas as identidades LGBT+ são lutas constantes contra uma norma invisível, enraizada na mente das pessoas, a lesbianidade surge como forma de resistência à masculinidade. Como uma forma de valorizar o amor entre mulheres — sempre incluindo não-bináries. A própria existência já é uma afronta à heteronorma.