Não-monogamia x Poliamor

Discussões sobre não-monogamia e poliamor estão sendo cada vez mais abordadas nos últimos anos, visto que a diversidade desses tópicos pode trazer uma certa dificuldade ao tentar entender o que essas ideias representam. Aliado a isso, surgem pesquisas acerca da questão do consentimento dentro da não-monogamia, que definem o quão diversas essas relações podem ser.

Não-monogamia é um termo guarda-chuva para práticas de relacionamento que negam as estruturas da monogamia. É preciso entender que a monogamia não é apenas o ato de se relacionar apenas com ume parceire, mas trata-se de uma estrutura de organização e distribuição dos afetos que, segundo o escritor alemão Friedrich Engels, está diretamente ligada ao surgimento da propriedade privada.

Segundo Engels, “a monogamia não foi originária do amor individual, com o qual ela nada tinha de comum, pois os casamentos sempre eram de interesse. A monogamia representa a forma primitiva da família que não está fundada sobre condições naturais, mas sobre condições econômicas; ela é o fruto da vitória da propriedade privada sobre a primitiva propriedade comum”

Como a não-monogamia é um termo guarda-chuva, surgem diferentes formas e termos para explicar essas maneiras diversas de se relacionar. Assim, algumas pessoas preferem classificar suas relações como não-monogâmicas consensuais (CNM) ou não-monogâmicas éticas (ENM). Ambos os termos significam a mesma coisa e se referem à ideia de que todas as pessoas incluídas na relação consintam a fim de não haver traição. A monogamia geralmente caracteriza como traição quando ume parceire se envolve em um relacionamento sexual/romântico com outre, assim, se difere da não-monogamia, que permite outros relacionamentos com o consentimento das pessoas dentro da relação.

Ao pontuar as diferenças entre não-monogamia e poliamor, é preciso entender que, na verdade, um relacionamento poliamoroso pode se enquadrar dentro da monogamia, visto que, pela variedade de relações envolvidas no poliamor, essas ainda podem performar a estrutura monogâmica, como a prática de estruturas hierárquicas e acordos de exclusividade, sendo só mais um relacionamento mono com acordos diferentes. 

A poligamia divide-se em poliginia (prática de um homem se casar com mais de uma mulher) e poliandria (prática de uma mulher se casar com mais de um homem). Essas práticas geralmente são associadas ao Islã, apesar de na antiguidade a poligamia ser tão comum quanto a monogamia é hoje, isto em sociedades não ocidentais como os hindus e os antigos babilônios, assírios e persas. É importante destacar que no Brasil, hoje em dia, a bigamia é proibida por lei no Código Penal, com pena de reclusão de dois a seis anos.

Pessoas não-mono costumam se afastar do termo de poliamor justamente por este não performar uma ação contra a estrutura monogâmica, isto é, o poliamor apenas confirma essa estrutura, com adoção de acordos diferentes, mas que se baseiam na mesma estrutura política de opressão.


Referências: