Estar dentro das normas de gênero significa seguir um grupo de regras e/ou suprir expectativas de como determinado gênero deve se portar, em um contexto definido pela sociedade, por determinada cultura ou comunidade. Isto é, se alguém se identifica como mulher ou como homem, há um conjunto de comportamentos e até um dress-code que estabelecem como essas pessoas devem agir.
Mesmo pessoas que não se identificam com as identidades dentro da binaridade de gênero são afetadas por essas expectativas, visto que há o subjugamento de que tode não-binárie performa sua identidade de maneira andrógina.
Se essa lista não é cumprida ou correspondida, esta pessoa, sua identidade e até sua sexualidade serão postas em questionamento.
Enquanto transmasculine, o que se espera, além da aparência viril, é a performance de gênero masculinizada. Entretanto, ter a identidade alinhada ao masculino no espectro de gênero não necessariamente significa expressar o que é pressuposto para o masculino. As diferentes construções do que é ser homem — ou estar alinhade à masculinidade — ignora a pluralidade que pertence não só à transmasculinidade, mas à comunidade trans como um todo.
Pessoas transmasculinas não-conformistas de gênero, por exemplo, tem sua expressão de gênero desconectada dos extremos no espectro. Há aquelus cuja expressão de gênero se encontra em um meio mais feminino/afeminado e aquelus que não fazem uso ou não usam somente pronomes masculinos. Nenhum destes exemplos é mais ou menos transmasculino que o outro, pois suas preferências não comprometem as suas identidades.
Ainda que as normas de gênero afetem a sociedade como um todo, os questionamentos à masculinidade de homens cisgênero que aderem a moda “desconstruída” — pintando suas unhas, usando roupas e acessórios ditos femininos —, por exemplo, não têm mesmo peso ou significado que aqueles direcionados a transmasculines.
Um ótimo exemplo disso é o cantor Harry Styles. Como alguém que tem buscado por uma expressão na moda tanto quanto incomum às normas de gênero, os passos de Harry têm sido considerados grandiosos, enquanto a identidade de transmasculines é colocada à prova sempre que expressam sua linguagem na moda com elementos tidos como femininos.
E não é como se homens cis não pudessem compor uma performance própria de como se veem dentro do próprio gênero. Elus podem ser machões ou não, musculosos ou não, usar maquiagem ou não, pintar as unhas ou não, e assim por diante. Mas a importância dessa discussão está em contemplar essas coisas como aceitáveis às pessoas transmasculinas também.