Estereótipos são construções em que se idealiza regras de imagem que um certo grupo social deve seguir. Se tratando de estereótipos de gênero, eles categorizam comportamentos, vestimentas, trejeitos e demais características que acreditam ser atribuídas a determinado gênero, como por exemplo dizer que azul é cor de menino e rosa é cor de menina.
Os estereótipos de gênero começam desde criança, nas cores, brinquedos e roupas que a criança deve gostar e vestir. Eles moldam a cabeça da criança durante seu desenvolvimento, deixando-a confusa sobre seus próprios interesses e identidades. Conforme crescem, acabam desenvolvendo ideias de papéis de gênero, onde mulheres são donas do lar e sensíveis enquanto homens saem para trabalhar e são símbolos de força.
Como esses estereótipos afetam pessoas trans
Os estereótipos foram criados em uma sociedade cisgênero, isto é, foram pensados para reforçar esse sistema, de forma a excluir pessoas trans. Isso leva a problemas como a disforia, que pode ser causada pela pressão social de tentar seguir a validação de gênero cisnormativa, como se quem não se encaixasse nesses padrões não estivesse correspondendo à sua identidade de gênero.
Essas regras também afetam a vida de pessoas trans em questão de direitos básicos, deixando-as inseguras nos hospitais e em lugares públicos, sendo desrespeitadas por médiques, desconhecides e até pessoas próximas, o que afeta inclusive a maternidade e a paternidade trans — e a vida de sues filhes.
Na prática de esportes o problema permanece, podendo ser vistos diversos casos de proibição de pessoas trans em competições com base em alegações de viés transfóbicos e misóginos, como “vantagem biológica”, ainda que o peso, massa ou outros fatores estejam equiparados.
Em resumo, a estrutura cisnormativa em geral sempre causa danos a vidas trans, pois ela é construída para reproduzir um padrão ao qual elas nunca pertenceram.
Como esses estereótipos afetam pessoas cis
No entanto, a comunidade transgênero não é o único grupo afetado pelos papéis de gênero, que também trazem consequências para pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi imposto ao nascer. Essas interferências acontecem, por exemplo, quando pessoas cis têm uma expressão de gênero diferente do esperado (que também pode ocorrer com pessoas trans), no qual essas pessoas sofrem misgendering e são chamadas de termos ofensivos por apenas serem elas mesmas. Tais imposições também se mostram presentes quando a pressão dessas normas impede alguém de seguir um caminho diferente com o qual sonha para seguir os estereótipos de ser dona do lar ou criar filhes. Infelizmente, crianças também são vítimas desse sistema, sofrendo bullying na escola por serem “diferentes” ou agressões por parte da família, que associa determinados comportamentos a gêneros e sexualidades específicas.
Esses são apenas alguns exemplos do que ocorre com as pessoas que tentam fugir dos estereótipos e de pessoas que apenas seguem essas regras por ser mais fácil do que precisar lidar com uma sociedade preconceituosa.